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Polícia

Cabral 'não dá voz a ninguém', diz morador em inauguração de UPP

Governo do Rio implantou nova UPP no Cerro Corá, próximo ao Cristo Redentor

3 jun 2013 - 10h46
(atualizado às 11h58)
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O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, não escapou de críticas durante a inauguração da UPP do Cerro Corá
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, não escapou de críticas durante a inauguração da UPP do Cerro Corá
Foto: Armando Paiva / Futura Press

Com protesto solitário de um morador, o governo do Rio de Janeiro inaugurou na manhã desta segunda-feira a Unidade de Policia Pacificadora (UPP) do Cerro Corá, na zona sul, aos pés do Cristo Redentor. Luiz Cláudio Coelho é guia turístico, mora no local há 50 anos e reclamou diretamente com o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame. "O governador (Sérgio Cabral) vem aqui, fala e não dá voz a ninguém da comunidade", questionou ele.

Beltrame deu razão ao morador e teve que seguir ouvindo reclamações sobre falta de urbanização, coleta de lixo e atendimento médico. "A policia já esteve aqui antes, mas fazia vista grossa para a presença do tráfico", reclamou Luiz Cláudio.

O secretário prometeu ao morador que, a partir de agora, as coisas serão diferentes, com os 232 policiais que vão trabalhar junto ao Cerro Corá, Guararapes, Vila Cândido, Júlio Otoni e Coroado. Beltrame disse que a UPP do Complexo da Maré sai ainda este ano, mas ressaltou que, por enquanto, as forças de segurança do Estado vão estar voltadas para a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude. "A segurança pública deste Estado e desta cidade vão avançar com a ocupação por parte do Estado de áreas que estavam até então abandonadas", afirmou.

Luiz Claudio fez a reclamação porque, durante a cerimônia de apresentação da UPP, ninguém da comunidade foi convidado a falar. "Foi um erro do cerimonial", admitiu Beltrame. "Sobre o que vocês reivindicam, estão mais do que certos em pedir mesmo, ao Estado ou ao município" disse.

O morador ainda denunciou que um comandante policial, em reunião com a comunidade, teria dito que a polícia tinha o direito de invadir as casas a qualquer momento em busca de traficantes. "Temos que apurar se foi isso mesmo que ele disse, e se foi, está totalmente fora da lei", disse Beltrame.

Luiz Claudio ainda reclamou da falta de serviços Públicos na comunidade, mesmo estando na zona sul e morando perto de mansões. "Vamos ver se com a UPP isso muda", afirmou o morador.

O governador Sérgio Cabral disse que os casos de violência recentes na Rocinha (turista alemão baleado) e no Complexo do Alemão (tiroteio antes da corrida Desafio da Paz) são normais, já que as duas comunidades eram dominadas por facções criminosas. "A operação nesses lugares é de uma complexidade maior do que, por exemplo, no Santa Marta ou aqui no Cerro Corá", disse. "São áreas com mais 90 mil moradores, localidades de difícil acesso e onde os marginais conseguem se esconder com mais facilidade. Não tínhamos ilusão de que seria fácil", afirmou Cabral.

Beltrame concordou com o governador, e disse que não existem soluções prontas. "Existe uma caminhada em busca de algo melhor, mas infelizmente vamos ter que contabilizar algumas coisas ruins, mas as coisas positivas vão superar tudo", afirmou o secretário de segurança.

O governador do Rio de Janeiro reafirmou que as UPPs vão chegar onde for necessário no Estado, e não descartou que a região de Niterói, São Gonçalo e Baixada Fluminense sejam os próximos alvos. "Estamos formando cerca de seis mil policiais por ano, quando antes formávamos no máximo 500. E esses policiais, em sua maioria, serão destinados a UPPs", disse Cabral. 

Fonte: Terra
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