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Polícia

Bope acha 24 fuzis e 2 lança rojões em buscas na Rocinha

14 nov 2011 - 20h05
(atualizado às 23h21)
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A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro divulgou na noite desta segunda-feira a apreensão de 24 fuzis e dois lança rojões em uma busca que começou às 8h e só terminou às 17h desta segunda-feira na favela da Rocinha. Com a ajuda de uma moradora, uma segunda ação realizada pelos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) encontrou um laboratório de refino de cocaína.

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Na primeira busca, que faz parte da varredura realizada após a ocupação policial da favela, além dos lança rojões e dos 24 fuzis - dois .30, oito G3, três Fal, um fuzil M16, sete AR 15, um AK 47, uma carabina .30 e um fuzil de calibre 12 - também foram encontradas sete pistolas (cinco 9mm e duas .45), duas granadas e 25 kg de cocaína.

A segunda ação encontrou no laboratório de refino três galões de ácido sulfúrico (cada um de 30 litros), um galão de éter (com capacidade de 50 litros) e um pacote de 30 kg de um pó branco, que ainda deve ser identificado pela perícia.

Mais apreensões
Outra busca, esta realizada pela Polícia Civil, encontrou, em uma cisterna cimentada (estrutura usada como reservatório de água), localizada na vila Verde, atrás do Ciep da Rocinha, um arsenal de armas, munições e droga. Os policiais pediram apoio à Secretaria Municipal de Obras, que enviou oito operários com britadeiras para o local. Foram necessárias mais de quatro horas de escavação, porque havia uma camada de 1 m de concreto que teve que ser rompida.

Dentro da estrutura, foram encontradas 14 granadas, quatro fuzis, uma luneta com mira telescópica para fuzil, cinco pistolas, uma faca, cerca de mil munições, três anteparos de cerâmica para colete balístico que suporta tiro de fuzis, 42 carregadores, nove rádios transmissores, 32 carregadores de fuzis, 11 carregadores de pistolas, cinco coletes balísticos, cinco toucas Ninja, três joelheiras e uma quantidade ainda não especificada de cocaína a granel.

Nem e a tomada da Rocinha
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.

Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.

Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.

O fim do domínio de Nem na Rocinha foi o último obstáculo à entrada das forças de segurança na favela para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Na madrugada do dia 13 de novembro, agentes das polícias Civil, Militar e Federal, além de homens das Forças Armadas, iniciaram a ocupação do local escoltados por um forte aparato. No entanto, os traficantes já haviam deixado a comunidade, e a operação foi concluída sem qualquer confronto.

Fonte: Terra
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