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Polícia

Bombeiros: diretor de sindicato da Polícia Civil 'se vendeu'

12 fev 2012 - 12h10
(atualizado às 13h39)
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Os líderes do movimento grevista dos bombeiros acusaram neste domingo os diretores do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol), que suspenderam a greve entre os agentes civis, de terem "se vendido" para o governo. Outro sindicato da categoria afirmou que continua com a paralisação.

Ônibus dos bombeiros chega para manifestação marcada para ocorrer em frente ao Copacabana Palace neste domingo
Ônibus dos bombeiros chega para manifestação marcada para ocorrer em frente ao Copacabana Palace neste domingo
Foto: Giuliander Carpes / Terra

"Com certeza houve uma barganha com o governo do Estado. Ficamos sabendo que o inspetor Francisco Chao (diretor do Sindpol) teve um encontro com a Martha Rocha (chefe da Polícia Civil) e certamente eles entraram em acordo. Mas ele é só um, não pode falar por uma categoria toda", afirmou o sargento bombeiro Paulo Nascimento, um dos líderes do movimento grevista, que teve sua prisão decretada na manhã deste domingo.

Nascimento reclamou que há bombeiros presos administrativamente, mas nenhum policial civil. "Greve é única forma de lutar com dignidade. Toda a vez que a gente entra em um movimento vai haver baixas. Eles já prenderam mais de 10% dos bombeiros", disse.

O presidente do Sindicato dos Funcionários Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sinpol), o comissário Fernando Bandeira, participou do ato dos grevistas em frente ao hotel Copacabana Palace, e garantiu que parte da corporação continua em greve, mas admitiu que houve fragilização. "Hoje o movimento está enfraquecido."

Sobre a decisão do Sindpol, Bandeira afirmou que a Polícia Civil é tradicionalmente muito dividida - e que essa divisão é estratégica para o governo. Segundo ele, dentro de vários setores da corporação há gratificações diferentes.

Conforme ele, o Sindpol diz que o sindicato representa funcionários que fazem trabalhos internos na corporação, e não os da área de investigação. Bandeira rebateu dizendo que a afirmação não era verdadeira, uma vez que ele próprio, presidente da entidade, é um comissário. O sindicato tem 1,7 mil associados. Ainda segundo Bandeira, o Sindpol, apesar de ter 1,2 mil associados, ainda não é reconhecido pelo Ministério do Trabalho.

Em nota divulgada na noite de sábado pelo Sindpol, o inspetor Chao diz que a decisão de suspender a greve aconteceu porque, na sexta-feira, foi informado de três ocorrências de disparos contra agências bancárias e que havia a possibilidade de novos eventos do tipo. "Somos policiais civis, não somos desordeiros. Não promoveremos, nem toleraremos, jamais, qualquer tipo de desvio ou ilegalidade."

O sindicato da Polícia Civil realizará, na quarta-feira, assembleia geral para decidir seu futuro posicionamento. Já os bombeiros marcaram assembleia para a noite de segunda-feira.

A greve no Rio

Policiais civis, militares e bombeiros do Rio de Janeiro confirmaram, no dia 9 de fevereiro, que entrariam em greve. A opção pela paralisação foi ratificada em assembleia na Cinelândia, no Centro, que reuniu pelo menos 2 mil pessoas.

Dois dias depois, alegando falta de adesão, os policiais civis deixaram o movimento. A orientação do movimento era que apenas 30% dos policiais civis ficassem nas ruas durante a greve, mas o clima era de normalidade na maior parte do Estado.

Os militares foram orientados a permanecer junto a suas famílias nos quartéis e não sair para nenhuma ocorrência, o que deveria ficar a cargo do Exército e da Força Nacional, que já haviam definido preventivamente a cessão de 14,3 mil homens para atuarem no Rio em caso de greve.

Os bombeiros prometem uma espécie de operação padrão. Garantem que vão atender serviços essenciais à população, especialmente resgates que envolvam vidas em risco, além de incêndios e recolhimento de corpos. Os salva-vidas que trabalham nas praias devem trabalhar sem a farda, segundo o movimento grevista. Mas, segundo a corporação, apenas o grupamento da Barra da Tijuca aderiu à paralisação.

Policiais e bombeiros exigem piso salarial de R$ 3,5 mil. Atualmente, o salário base fica em torno de R$ 1,1 mil, fora as gratificações. O movimento grevista quer também a libertação do cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, detido administrativamente na noite de quarta-feira e com prisão preventiva decretada, acusado de incitar atos violentos durante a greve de policiais na Bahia.

Fonte: Terra
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