PUBLICIDADE

Polícia

Atirador de escola pensava em ser militar, diz ex-colega

9 abr 2011 - 17h21
(atualizado às 17h29)
Compartilhar

O atirador Wellington de Oliveira, que matou 12 crianças na última quinta-feira na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, era um adolescente tranquilo e calado, que praticava esportes, jogava videogame e se vestia de uma forma diferente. A descrição é do ex-colega Everton José Ribeiro, 23 anos, que ainda afirmou que Wellington tinha planos de ser militar.

Imagem mostra momento que atirador entra em sala de aula
Imagem mostra momento que atirador entra em sala de aula
Foto: Reprodução

Veja localização de escola invadida por atirador

Veja como foi o ataque aos alunos em Realengo

Everton estudou com Wellington durante três anos, da 6ª série até a 8ª série do Ensino Fundamental, e lembra que o atirador era uma pessoa tranquila. "Ele era na dele. Não chamava ninguém para conversar, mas se você sentasse do lado ele conversava normal. Jogava bola com a gente, jogava handebol, praticava esporte. Depois que saía da atividade física, voltava para o lugar dele. Sentava, botava o walkman. Ele nem aparentava ser maluco. Ele aparentava só viver no mundo dele. Ninguém suspeitava que ele tivesse algum tipo de problema", disse.

Na última vez que encontrou o ex-colega, em 2007, em outra escola, Everton ficou surpreso quando Wellington disse que tinha repetido duas vezes no Ensino Médio. "Eu achei até impossível porque ele só tirava notas altas. Já achei meio estranho. Ele falou que estava passando por problemas. Ele disse que queria fazer um concurso para tentar ser militar ou alguma coisa nesse sentido".

O ex-colega lembra também que o assassino se vestia de forma diferente quando estudava na Escola Tasso da Silveira e que, por isso, era alvo da brincadeira de outros alunos. "Ele tinha aquele jeito nerd de se arrumar. Ele usava meião até a canela, tênis Kichute, bermuda em cima do umbigo, óculos e pastinha do lado. Era assim que ele andava. E andava curvado, como uma pessoa que vivia só no mundo dele".

Segundo Everton, Wellington às vezes não ligava para as brincadeiras dos colegas e até ria de si mesmo. No entanto, ficava nervoso quando os xingamentos envolviam sua mãe. "Ele ria quando era zoado. Quando a gente zoava outros colegas ele ria. Mas tinha brincadeiras que ele não gostava. Tinham xingamentos que ele não gostava. Por exemplo, ele odiava quando xingavam a mãe dele. Não podia falar da mãe porque ele ficava extremamente nervoso".

Em relação às garotas, Everton disse que era muito difícil ver Wellington conversando com qualquer menina e que o atirador era também alvo de brincadeiras por parte delas. "As garotas zoavam pelo jeito dele se vestir. Diziam que ele era feio, mas ele nunca falou que tinha raiva de garotas".

Na última vez que encontrou o ex-colega, em 2007, em outra escola, Everton ficou surpreso quando Wellington disse que tinha repetido duas vezes no Ensino Médio. "Eu achei até impossível porque ele só tirava notas altas. Já achei meio estranho. Ele falou que estava passando por problemas. Ele disse que queria fazer um concurso para tentar ser militar ou alguma coisa nesse sentido".

Um ex-vizinho de Wellington, que não quis se identificar, diz que também frequentou a casa do atirador em Realengo porque era amigo de um irmão dele. Contou que Wellington era calado, andava cabisbaixo e poucas vezes aceitava jogar bola na rua. "Quando ele jogava, ficava só no gol", disse.

Atentado

Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade