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Polícia

Atirador de escola não merecia ser enterrado, diz coveiro

22 abr 2011 - 12h44
(atualizado às 14h07)
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Rodrigo Teixeira
Direto do Rio de Janeiro

O coveiro Leandro Silva, 25 anos, afirmou nesta sexta-feira que o corpo de Wellington Menezes de Oliveira, atirador que matou 12 alunos da escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, "não merecia ter sido sepultado". O enterro ocorreu nesta manhã no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária do Rio.

Wellington Menezes de Oliveira foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju
Wellington Menezes de Oliveira foi enterrado no Cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju
Foto: Rodrigo Teixeira / Especial para Terra

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Silva, que trabalhou por dois anos no Cemitério do Murundu, onde algumas crianças foram enterras e onde Wellington afirmou, em carta, que também gostaria de ser sepultado (ao lado da mãe), disse que o enterro ocorreu entre 8h20 e 8h30 desta sexta-feira.

"O corpo veio dentro do carro da funerária da Santa Casa (de Misericórdia). Ele estava dentro de um caixão marrom lacrado. Entretanto, exalava um cheiro muito forte. Ele nem merecia ser enterrado", afirmou o coveiro.

Silva disse que não sabia o que falar a respeito do enterro. "Moro em Realengo. Isso foi um enterro diferente para mim, porque apesar de o corpo não ter sido reclamado, sabíamos quem estava dentro do caixão".

O atirador foi sepultado em num lugar onde tem mais 5000 covas - onde ficam indigentes ou pessoas menos favorecidos financeiramente. "Depois de três anos de enterrado no local, o corpo é removido, e a ossada é cremada e as cinzas são descartadas", explicou o coveiro. Wellington foi sepultado como corpo não reclamado (quando a família não aparece para requerê-lo). É considerado indigente quando o corpo não é reconhecido.

Wellington deixou uma carta na qual pedia para ser sepultado de acordo com os rituais islâmicos, segundo confirma a União Nacional das Entidades Islâmicas do Brasil. No entanto, a organização deixa claro, em nota, que ele não tinha vínculos com a representação e a religião muçulmana. O atirador pediu também que, se possível, queria ser sepultado ao lado da sua mãe no cemitério Murundu.

Na carta, Wellington pediu ainda para que as pessoas impuras não tocassem seu corpo. "Os impuros não poderão me tocar sem usar luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas", escreveu ele em trecho no qual afirmava que "nenhum impuro podia ter contato direto com um virgem sem sua permissão".

Nas instruções que deixou sobre seu sepultamento, Wellington pediu que sua vestimenta fosse retirada, que ele fosse banhado e depois enrolado em um lençol branco nos mesmos moldes do que é feito em rituais fúnebres do islamismo. De acordo com a entidade islâmica, nesse tipo de ritual, um líder religioso faz orações, lava o corpo, corta e limpa atrás das unhas, e depois a pessoa é enrolada em um lençol branco.

Wellington pediu ainda que "um fiel seguidor de Deus" visitasse sua sepultura pelo menos uma vez. "... preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna". Jesus, para os islâmicos, é um dos um dos maiores mensageiros de Deus.

Atentado

Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e se suicidou logo após o atentado. Segundo a polícia, o atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.

Fonte: Especial para Terra
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