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Polícia

As UPPs funcionam e devem ser mantidas no Rio, diz analista

23 nov 2010 - 17h01
(atualizado às 19h12)
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O pesquisador do Laboratório de Análise de Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Dorian Borges afirmou nesta terça-feira em entrevista ao Terra TV que a melhor resposta do governo do Rio à série de ataques praticados por criminosos nos últimos dias é manter as unidades de polícia pacificadoras (UPPs) nas favelas. "Esse programa é um dos primeiros passos do governo para reduzir a distância entre a polícia e o cidadão. Estamos vivenciando a presença do Estado dentro das favelas e isso é uma grande conquista. Precisamos melhorar muito, mas hoje as UPPs já são uma das políticas mais bem sucedidas do Rio de Janeiro", afirmou.

Dorian Borges acredita que a onda de ataques, que teve início na tarde de domingo, dia 21, é uma resposta dos bandidos à presença da polícia nas favelas. "O Estado deve pensar agora numa estratégia para conter a criminalidade que envolva, além das UPPs, o mapeamento das ruas mais importantes da cidade e os prováveis horários de novos ataques", disse.

O estudioso entende não ser necessária a presença do Ministério da Justiça nas operações da polícia carioca, mas acha que a atuação do governo federal traria mais tranquilidade para os moradores do Rio. "A violência tem um poder subjetivo muito forte, um poder simbólico que abala toda a sociedade. Na prática, não é necessária a presença do Ministério da Justiça, pois não vivemos uma guerra civil, mas pensando na simbologia do fenômeno, a presença do governo federal nas ações traz um novo sentimento para a população", afirmou Dorian Borges.

Para ele, a valorização da violência no Rio de Janeiro é um problema que deve ser resolvido pela própria população da cidade: "Vemos em estatísticas que o Rio não é a cidade mais violenta do Brasil nem do mundo. O que tem acontecido nos últimos 30 anos é a supervalorização da violência e é importante a participação das pessoas nas políticas de segurança pública para solucionar isso. Teremos um grande avanço nessa área quando a polícia se fizer confiante para a população".

Violência

A onda de ataques teve início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro.

Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer) que andava em velocidade reduzida devido a uma pane mecânica. A quadrilha chegou a arremessar uma granada contra o utilitário Doblò. O ocupante do veículo, o sargento da Aeronáutica Renato Fernandes da Silva, conseguiu escapar ileso.

Ainda no domingo, em arrastão na Via Dutra, uma quadrilha armada bloqueou um trecho da pista sentido São Paulo, na altura de Pavuna, e roubaram um Kia Cerato e um Prisma. Na ação, uma das vítimas, identificada como Guilherme Feitosa da Silva, 26 anos, foi baleado na cabeça e levado em estado grave para o Hospital Getúlio Vargas.

Na manhã de segunda-feira, cinco bandidos armados atacaram motoristas no Trevo das Margaridas, próximo à avenida Brasil, em Irajá, também na zona norte. Os criminosos roubaram e incendiaram três veículos - uma van de passageiros que fazia o trajeto de Belford Roxo para o Centro, um Monza e um Uno. Também na segunda pela manhã, criminosos armados com fuzis atiraram em uma cabine da PM na rua Monsenhor Félix, em frente ao Cemitério de Irajá. A PM acredita que o incidente tenha sido provocado pelos mesmos bandidos que queimaram os carros no Trevo das Margaridas.

À noite, criminosos atearam fogo em outros dois veículos na rodovia Presidente Dutra, sentido Capital, na altura da Pavuna. Na zona norte, uma cabine da Polícia Militar (PM) foi metralhada próximo ao shopping Nova América, em Del Castilho.

Já na manhã desta terça-feira, dois homens foram mortos a tiros em um Honda Civic na rodovia Washington Luís, altura do km 122. No morro Mandela, Complexo de Manguinhos, um suspeito morreu e outros 11 foram detidos em ação da PM em 17 comunidades do Rio de Janeiro e região metropolitana.

A cúpula da PM anunciou também nesta terça a operação "Fecha Quartel", que prevê colocar todos os homens nas ruas para reforçar o patrulhamento. A PM informou que reduzirá as folgas dos policiais gradativamente até o ano que vem, além de prometer a contratação de 7 mil policiais. Para o combate ao crime, a corporação ainda utilizará o Batalhão de Choque e 140 motocicletas.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, atribuiu a escalada de violência à atuação do Estado no combate à criminalidade nas favelas. "Sem dúvidas isso tem relação com a nossa política de segurança pública", afirmou, referindo-se à implantação das UPPs.

Fonte: Redação Terra
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