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Polícia

Após UPP da Rocinha, Beltrame diz que 'missão da pacificação é eterna'

20 set 2012 - 14h24
(atualizado às 14h28)
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André Naddeo
Direto do Rio de Janeiro

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, voltou a reforçar, na cerimônia de inauguração da nova Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na manhã desta quinta-feira, que o processo de retomada de territórios "é um trabalho que não termina nunca" e que ocupar o território, em sua opinião, "é a parte mais fácil, sedimentar este processo é o mais complicado. A missão da pacificação é eterna".

A UPP da maior favela do Brasil, com cerca de 70 mil moradores e cerca de 850 mil m², dentro de uma área essencialmente íngreme, com vielas e becos por todos os lados, contará com um efetivo de 700 homens patrulhando a comunidade em viaturas, motocicletas ou mesmo a pé. "Depende de cada área, o Rio de Janeiro tem uma topografia muito diversa, cada lugar tem a sua característica, que obriga que em alguns lugares o patrulhamento seja a pé, ou de moto. No (morro do) Vidigal (vizinho à Rocinha) já usamos inclusive cavalos. Então, cada comandante, diante de suas necessidades, é capaz de analisar isso", explicou.

Beltrame comentou ainda os desafios de implantação desta que será a maior de todas as UPPs - uma vez que, no complexo do Alemão, por exemplo, há uma subdivisão e existem seis unidades para atender, separadamente, as localidades da região. Na Rocinha, a sede administrativa será responsável por todo o conjunto de ações no local.

O secretário fez questão de ressaltar também que a morte do soldado Diego Henriques, de apenas 25 anos, alvejado no rosto por Rafael dos Santos, 18, já preso, é lamentável, mas não altera a política irreversível de pacificação. "Isso não é um problema da UPP. A questão que nós temos aqui é que, infelizmente as facções criminosas, que reinaram no Rio de Janeiro, têm esse comportamento violento quando se sentem acuadas e, infelizmente, partem para essa barbaridade e matam as pessoas. Isso não é novo no Rio de Janeiro", ressaltou.

O desafio da implantação da UPP da Rocinha, que contará com cerca de 100 câmeras de monitoramento em tempo real da movimentação pelo extenso território, passa ainda por dois processos a serem vencidos pelo comando da Polícia, e pela própria secretaria de Segurança Pública: as questões envolvendo policiais corruptos e o voto de confiança dos moradores.

"O problema da corrupção é de várias áreas, não só da polícia. O que nós temos que fazer é apresentar soluções para o problema da paz na cidade. É dever nosso extirpar estas pessoas, assim como fizemos há 20 dias na (comunidade da) Previdência. Não podemos deixar de levar a paz e projetos para a comunidade, por medo que ali na frente tenhamos casos de corrupção. Estamos buscando mecanismos de inteligência para que a cada momento que isso acontecer nós extirparmos da corporação os maus policiais", frisou Beltrame.

"As pessoas vão perceber que é melhor estar ao nosso lado. Elas precisam ter outros exemplos além do traficante, além da ostensividade das armas. É preciso fazer essa concorrência para dar outra expectativa, em especial, para a juventude. Isso é uma obrigação do Estado, da prefeitura, da sociedade, das organizações não governamentais (ONGs), que com propostas fortes, pode ajudar a mudar esse comportamento das pessoas. Seja na Rocinha, seja em qualquer lugar do país", completou o secretário, que pediu ainda um pouco mais de paciência aos moradores de comunidades da Baixada Fluminense, por exemplo, que anseiam pela chegada das UPPs.

"Não estamos aqui para fazer projetos espetaculares. Nós temos que agir com muito critério. A Polícia Militar fez um esforço emergencial para atender aquela região", disse sobre a ocupação da favela da Chatuba, em Mesquita, após a chacina de seis jovens, além de um pastor local, um cadete da PM, e um outro morador local por traficantes armados que dominaram a região do parque de Gericinó.

"Nós temos a Baixada, temos Costa Barros, temos a zona norte, a zona oeste, e tudo isso será feito a seu tempo. A angústia da população é a minha angústia. Agora, eu tenho responsabilidade de quando instalarmos um projeto desse é algo definitivo, que não pode mais voltar. A Baixada Fluminense será, sim, contemplada quando o projeto chegar lá. Infelizmente, nós não podemos fazer uma UPP por semana, ou uma UPP por mês", finalizou.

Fonte: Terra
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