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Polícia

Após tragédia, governo antecipa campanha por desarmamento

11 abr 2011 - 18h32
(atualizado às 18h41)
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

Passados quatro dias da tragédia na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, o governo federal decidiu antecipar a campanha de desarmamento, prevista para junho deste ano. A decisão foi tomada após reunião entre o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com membros das organizações não-governamentais Viva Rio e Sou da Paz.

Quatro dias após o massacre, muro de escola concentra homenagens às vítimas do ataque
Quatro dias após o massacre, muro de escola concentra homenagens às vítimas do ataque
Foto: Luiz Gomes / Futura Press

O titular da pasta confirmou que a campanha deste ano será antecipada, provavelmente para maio, e que um conselho será criado para a organização. A primeira reunião está marcada para a próxima segunda-feira, às 15h, em Brasília.

"Ficou claro pelo debate posto na sociedade que a questão do armamento excessivo, no bojo de uma cultura de violência, tem gerado situações tristes como a que vimos no Rio. Nesses dias que se seguiram à tragédia, várias pessoas procuravam entidades para entregar suas armas. Vamos antecipar a campanha do desarmamento, por força dessa situação. Uma sugestão seria o dia 6 de maio, 30 dias depois da tragédia do Rio, e poderia durar até o fim do ano", disse Cardozo.

Representantes do Banco do Brasil também participaram da reunião para ajudar na discussão sobre como será feito o pagamento pelas armas entregues pela população, inclusive para acelerar o processo. Nas campanhas passadas, o cidadão que entregasse uma arma recebia de R$ 100 a R$ 300, entre dois e três meses após a entrega. No caso de Realengo, o atirador pagou R$ 260 pela arma.

Cardozo deu dados sobre as últimas campanhas de desarmamento realizadas no Brasil. Segundo ele, as campanhas são bem sucedidas e reduzem, inclusive, o número de mortes no período de realização. Segundo o ministro da Justiça, na campanha de 2004 a 2005 foram recolhidas 500 mil armas de fogo, o mesmo número registrado entre 2006 e 2007. Na última campanha, entre 2008 e 2009, foram mais de 40 mil armas.

"Pela análise desses números ficou caracterizado que, quando se realiza essas campanhas, há redução muito forte de mortalidade", disse o ministro. Cardozo afirmou que ainda não é possível estimar quanto será gasto pela campanha. Segundo ele, há R$ 10 milhões previstos para pagamento de indenizações, mas ainda não há estimativas sobre os valores que serão gastos em publicidade.

O representante da ONG Viva Rio Antonio Rangel, que esteve presente à reunião de hoje, estima que das 16 milhões de armas que circulam hoje no Brasil, 14,5 milhões estão nas mãos de civis. "Infelizmente, às vezes é preciso uma tragédia para que as pessoas adquiram consciência do que significam as armas. Vamos torcer para que o que aconteceu no Rio não seja em vão", afirmou.

Atentado

Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.

Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.

Fonte: Terra
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