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Polícia

Após morte do filho, vítima comemora prisão de Abdelmassih

Bebê de Nelma Luz faleceu com três meses de vida graças, segundo ela, a um erro do ex-médico

19 ago 2014 - 17h59
(atualizado às 18h08)
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A terça-feira foi de surpresa para Nelma Luz. Durante a tarde, a carioca, de 50 anos, navegava pela internet quando se deparou com a notícia: Roger Abdelmassih, o “monstro” (como ela o chama) que procurava há anos, estava preso. Imediatamente, entrou em contato com outras mulheres que também haviam caído em golpes do ex-médico para comemorar. “Eu até chorei. É a coisa que eu mais queria que acontecesse na vida”, disse, minutos depois, em entrevista ao Terra.

Abdelmassih estava foragido desde 2011. Ele foi condenado, em primeira instância, a 278 anos pelo estupro de 52 clientes de sua clínica de reprodução assistida. O caso da farmacêutica, porém, não se enquadra aqui.

Tudo aconteceu em 2008, quando ela – que tinha o sonho de engravidar, mas receio por conta de sua idade, 44 anos na época – foi orientada a procurar uma clínica especializada em São Paulo para tentar uma gestação mais segura. O local escolhido foi a clínica do acusado. 

“Cheguei, abri o folder e ali tinha tudo o que eu precisava. Eu não tinha problemas de fertilidade, apenas precisava fazer uns exames, antes de engravidar, para detectar possíveis deformidades no embrião. E o médico que me recebeu [o próprio Roger] fez de tudo para me manipular. Só percebo isso hoje. Ele me elogiou, ficou entretido com minha história e até chorou ao contar problemas pessoais. Em seguida, disse que faria um ‘super preço’ para mim. Era mentira, cobrou uma fortuna, a mesma fortuna que cobrava para todas. Eu adiei os planos da maternidade por compromissos profissionais, mas era algo que eu queira muito, então aceitei”, contou.

Após supostamente realizar os exames, Nelma fez a inseminação artificial. Quando já estava grávida, os crimes do ex-médico começaram a aparecer na mídia, o que a deixou bastante assustada. Pouco tempo depois, o filho nasceu, foi diagnosticado com uma síndrome e só então ela e o marido perceberam que os exames pelos quais pagaram, na verdade, não haviam sido feitos. O bebê ficou três meses internado na UTI e morreu.

“Meu filho tinha a Síndrome de Edward. Ela é facilmente detectada por exames, ele não fez o que foi pago para fazer. Pegou meu dinheiro e sumiu. Desapareceu mesmo, eu não consegui mais entrar em contato. Aí fiquei sabendo que ele estava envolvido até em casos de estupro. Isso é muito sério, claro, mas eu queria que casos como o meu, de erro médico e manipulação genética, também viessem à tona agora. É monstruoso o que eles fizeram na clínica. Não só o Roger, mas toda a equipe”, desabafou.

Na época, a carioca se uniu a outras mulheres na Associação Vítimas de Roger Abdelmassih, um grupo informal ainda não-registrado em que, além de juntar pistas que pudessem ajudar a polícia a encontrar o criminoso, elas trocaram experiências para superar seus traumas.

“Esse grupo somou muito. Me dá muita alegria saber que vou poder morrer um dia com essa história resolvida”, concluiu. 

Fonte: Terra
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