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Polícia

Após dois anos, Caso Mércia segue sem data de julgamento

12 jun 2012 - 19h01
(atualizado às 19h07)
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Marcus Bruno

Desde que se tornou acusado de assassinar a namorada, em dezembro de 2010, o advogado e ex-policial Mizael Bispo de Souza ficou mais de um ano foragido, e há menos de quatro meses está em prisão temporária em cela especial no Presídio Militar Romão Gomes. Nesta semana completaram dois anos do crime conhecido como 'Caso Mércia'. No entanto, o Fórum de Guarulhos, responsável pelo julgamento, ainda não tem data para que o caso vá para júri popular.

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, foi encontrada morta no dia 11 de junho de 2010 em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água. O vigia Evandro Bezerra Silva é acusado de ter auxiliado Mizael no crime.

De acordo com o juiz Leandro Bittencourt Cano, a previsão é que Mizael seja julgado em novembro. No entanto, a defesa do ex-PM possui recursos judiciais em instâncias superiores (Tribunal de Justiça de SP e o Supremo Tribunal Federal), o que tranca o Fórum de Guarulhos. Um desses recursos, inclusive, pede para mudar o local de julgamento. Segundo a defesa, o corpo da advogada Mércia Nakashima foi encontrado em Nazaré Paulista, e Mizael deveria ser julgado nesta cidade.

O advogado do ex-policial, Samir Haddad Junior, argumenta que os recursos não têm a intenção de protelar o julgamento. "Não é protelatório porque o meu cliente está preso". Segundo Haddad, mesmo sem grades e em cela especial, o presídio militar é pior do que uma penitenciária comum: "O Romão Gomes tem disciplina militar, no presídio normal tem tudo, tem droga, celular", compara.

Os recursos protocolados apontam incorreções na investigação e questionam o cerceamento à defesa. Haddad explica que se trata de uma técnica de defesa para que seu cliente tenha chances no julgamento. Ele defende a inocência de Mizael na morte de Mércia. "Ela morreu afogada, se foi homicídio, não foi o meu cliente que cometeu".

O irmão da vítima, Mário Nakashima, escreveu na noite de segunda-feira na rede Facebook uma mensagem pedindo paciência "para não me entregar ao desânimo diante das minhas fraquezas! Senhor, abençoa nossa semana".

O caso Mércia
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010 e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água. O principal suspeito do crime é o ex-namorado de Mércia, o policial aposentado Mizael Bispo de Souza, que não aceitaria o fim do relacionamento. O vigia Evandro Bezerra Silva é suspeito de ter auxiliado Mizael no crime.

Logo após a morte de Mércia, Evandro teria fugido para Sergipe, onde foi preso em julho do mesmo ano. Em um primeiro momento, ele disse ter ajudado Mizael a fugir, mas voltou atrás depois, alegando ter sido torturado para confessar o crime. Rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocariam os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Além disso, a polícia encontrou nos sapatos do ex-policial pequenas manchas de sangue, fragmentos de osso e chumbo, além de uma alga presente na represa. Mizael chegou a ter a prisão decretada em agosto, mas o mandado foi revogado dias depois. No mesmo mês, Evandro foi solto. Ambos negam todas as acusações.

No dia 7 de dezembro de 2010, a Justiça de Guarulhos decretou a prisão preventiva de Mizael e de Evandro, e determinou que ambos fossem levados a júri popular pelo crime. O ex-namorado de Mérica foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O vigia foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (emprego de meio insidioso ou cruel e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Os dois são considerados foragidos.

Mizael se entregou no dia 24 de fevereiro desse ano, mas alega inocência
Mizael se entregou no dia 24 de fevereiro desse ano, mas alega inocência
Foto: Wendy Vatanabe / Futura Press
Fonte: Terra
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