Após dois anos, Caso Mércia segue sem data de julgamento
- Marcus Bruno
Desde que se tornou acusado de assassinar a namorada, em dezembro de 2010, o advogado e ex-policial Mizael Bispo de Souza ficou mais de um ano foragido, e há menos de quatro meses está em prisão temporária em cela especial no Presídio Militar Romão Gomes. Nesta semana completaram dois anos do crime conhecido como 'Caso Mércia'. No entanto, o Fórum de Guarulhos, responsável pelo julgamento, ainda não tem data para que o caso vá para júri popular.
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, foi encontrada morta no dia 11 de junho de 2010 em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água. O vigia Evandro Bezerra Silva é acusado de ter auxiliado Mizael no crime.
De acordo com o juiz Leandro Bittencourt Cano, a previsão é que Mizael seja julgado em novembro. No entanto, a defesa do ex-PM possui recursos judiciais em instâncias superiores (Tribunal de Justiça de SP e o Supremo Tribunal Federal), o que tranca o Fórum de Guarulhos. Um desses recursos, inclusive, pede para mudar o local de julgamento. Segundo a defesa, o corpo da advogada Mércia Nakashima foi encontrado em Nazaré Paulista, e Mizael deveria ser julgado nesta cidade.
O advogado do ex-policial, Samir Haddad Junior, argumenta que os recursos não têm a intenção de protelar o julgamento. "Não é protelatório porque o meu cliente está preso". Segundo Haddad, mesmo sem grades e em cela especial, o presídio militar é pior do que uma penitenciária comum: "O Romão Gomes tem disciplina militar, no presídio normal tem tudo, tem droga, celular", compara.
Os recursos protocolados apontam incorreções na investigação e questionam o cerceamento à defesa. Haddad explica que se trata de uma técnica de defesa para que seu cliente tenha chances no julgamento. Ele defende a inocência de Mizael na morte de Mércia. "Ela morreu afogada, se foi homicídio, não foi o meu cliente que cometeu".
O irmão da vítima, Mário Nakashima, escreveu na noite de segunda-feira na rede Facebook uma mensagem pedindo paciência "para não me entregar ao desânimo diante das minhas fraquezas! Senhor, abençoa nossa semana".
O caso Mércia
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010 e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água. O principal suspeito do crime é o ex-namorado de Mércia, o policial aposentado Mizael Bispo de Souza, que não aceitaria o fim do relacionamento. O vigia Evandro Bezerra Silva é suspeito de ter auxiliado Mizael no crime.
Logo após a morte de Mércia, Evandro teria fugido para Sergipe, onde foi preso em julho do mesmo ano. Em um primeiro momento, ele disse ter ajudado Mizael a fugir, mas voltou atrás depois, alegando ter sido torturado para confessar o crime. Rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocariam os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Além disso, a polícia encontrou nos sapatos do ex-policial pequenas manchas de sangue, fragmentos de osso e chumbo, além de uma alga presente na represa. Mizael chegou a ter a prisão decretada em agosto, mas o mandado foi revogado dias depois. No mesmo mês, Evandro foi solto. Ambos negam todas as acusações.
No dia 7 de dezembro de 2010, a Justiça de Guarulhos decretou a prisão preventiva de Mizael e de Evandro, e determinou que ambos fossem levados a júri popular pelo crime. O ex-namorado de Mérica foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O vigia foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (emprego de meio insidioso ou cruel e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Os dois são considerados foragidos.