Advogado: empresário pode ter morrido por 'overdose de vinho'

17 mai 2011 - 16h21

(atualizado às 17h41)

Luís Bulcão: Direto do Rio de Janeiro

O advogado de Verônica Verone de Paiva, 18 anos, acusada de matar Fabio Gabriel Rodrigues, 33 anos, em um motel em Niterói (RJ), afirmou nesta terça-feira que aguarda o laudo da perícia para saber a causa da morte do empresário. Segundo Rodolfo Thompson, ainda não se pode concluir que Rodrigues tenha morrido por estrangulamento ou pelas agressões que teria sofrido da amante, ou até mesmo por "overdose de vinho".

"Ela ocasionou a morte? Ninguém sabe. Até agora só há especulação. A confissão de ela ter matado é de ela pensar ter matado. A causa de morte pode ter sido um aneurisma, um ataque cardíaco ou uma overdose de vinho", afirmou Thompson.

Thompson afirmou que o empresário ingeriu um produto de limpeza na casa de sua cliente, antes do casal se dirigir ao motel. Segundo o advogado, a vítima teria ingerido a substância porque não havia mais bebida alcoólica na residência.

A delegada Juliana Rattes, titular da 77ª DP (Icaraí), responsável pelo caso, disse não acreditar na possibilidade do empresário ter ingerido o produto de limpeza. "Acho improvável que alguém tenha ingerido três dedos (do desinfetante) e apenas dizer que tem um gosto ruim", disse, referindo-se à versão de Verônica. Segundo a delegada, apenas o exame toxicológico poderá determinar que tipo de substância estava presente no corpo de Rodrigues.

Confissão

Para o advogado, mesmo que Verônica não tivesse consciência disso quando confessou ter matado Rodrigues, ela pode não ter cometido o crime. Segundo Thompson, que confirmou a ocorrência de estrangulamento, ainda não está provado que o empresário tenha morrido devido à agressão.

Thompson afirma que ela reagiu a uma suposta tentativa de estupro. De acordo com ele, Verônica teria um trauma de infância e pensou estar sendo abusada quando o empresário a tocou. "A tentativa de estupro é a visão dela. Ela teve problema na infância. A hora que ele tocou nela, ela se sentiu agredida, não que ela tenha sido agredida", disse.

Ainda de acordo com o advogado, Rodrigues foi "por livre e espontânea vontade" ao motel com Verônica, tendo, inclusive, dirigido o veículo usado no percurso. Thompson alega que os dois foram ao motel a convite do empresário, porque ele se sentiria mais a vontade para beber. O advogado afirmou ainda que Verônica não tentou fugir. "Ela estava assustada e tentou carregar o empresário para o carro. Ela queria levá-lo para o hospital", afirmou.

Gravidez

Verônica foi transferida na tarde desta terça-feira para o presídio Bangu 7, na zona oeste do Rio de Janeiro. Em depoimento prestado nesta terça-feira, amigos do empresário disseram que a jovem teria feito um aborto de um filho supostamente da vítima.

O advogado negou que Verônica estivesse grávida. "Ela tinha uma relação amorosa, de amizade, com o seu Fabio. Nunca teve nenhuma relação erótica ou libidinosa. Nenhuma espécie de relação íntima", disse Thompson.

Namorado suspeito

Nesta terça-feira, a Polícia Civil informou que vai investigar a participação do atual namorado de Verônica no crime. Em depoimento prestado ontem, a jovem disse estar namorando um homem do Rio de Janeiro há três meses, o que levantou suspeitas junto aos policiais.

O crime

Verônica Verone de Paiva, 18 anos, é suspeita de enforcar até a morte o empresário Fabio Gabriel Rodrigues, 33 anos, em um motel de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na madrugada do dia 14 de maio. Amante de Fábio há dois anos, Verônica se dirigiu à 77ª DP (Icaraí) após o crime, onde alegou legítima defesa.

A jovem acusou o empresário de tentar estuprá-la e admitiu ter estrangulado Rodrigues com um cinto. A família do homem disse que ela já havia feito ameaças contra ele. O corpo de Fabio foi enterrado no domingo no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. De acordo com as investigações, o casal chegou ao motel por volta de 2h de sábado. Verônica afirmou que, antes, os dois passaram por favelas para comprar cocaína e maconha.