Advogado do casal Nardoni nega possibilidade de confissão
- Fabiana Leal
- Direto de São Paulo
O advogado de defesa Roberto Podval descartou nesta segunda-feira trabalhar com a hipótese de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá confessarem o suposto assassinato da menina Isabella Nardoni em 2008. "Para trabalhar com essa hipótese, teria de trabalhar com a hipótese de que eles são culpados, mas não trabalho com isso. Eu não tenho como trabalhar com uma hipótese que não existe, pelo menos para a defesa", afirmou Podval ao chegar no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, para o segundo dia de julgamento.
Para o defensor, o depoimento da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, no final da segunda-feira foi dentro do esperado - com a acusação trabalhando em cima da emoção e a defesa voltada para o racional, segundo ele. No entanto, Podval não descartou a possibilidade de pedir uma acareação entre a mãe da menina e o casal acusado, o que poderia acontecer após os depoimentos de Alexandre e Anna Carolina perante o júri popular. "Imagino que entre quarta-feira a noite e quinta de manhã", disse.
Podval ressaltou que havia um conflito entre as famílias em torno de Isabella e voltou a afirmar que não ha provas da participação do casal na morte de Isabella. "Querem um culpado. Eu não tenho esse culpado. Se aparecesse hoje com uma terceira pessoa, eles estariam absolvidos", disse. O advogado admitiu que será difícil mudar a opinião pública sobre o caso e que está contando com uma força do "acaso" para reverter a situação. "Eu tinha possibilidade de vetar mais jurados, mas deixei um pouco o destino tomar conta", afirmou.
O caso
O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá começou em 22 de março e deve durar cinco dias. O júri popular ouve 16 testemunhas, sendo 11 arroladas pela defesa, três compartilhadas entre advogados do casal e acusação e duas do Ministério Público. Seis foram dispensadas pela defesa ainda no primeiro dia e uma, pela acusação.
Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai e a madrasta, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.