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Polícia

Advogado do casal Nardoni chora e diz que promotor o intimida

26 mar 2010 - 16h43
(atualizado às 17h56)
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Fabiana Leal e João Paulo Baxega
Direto de São Paulo

O advogado de defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, Roberto Podval, chorou no início de sua argumentação nesta sexta-feira e disse que a experiência do promotor Francisco Cembranelli o intimida e que durante todo o processo aprende com ele.

Ninguém chega condenado, diz defensor de Suzane:

Ele disse também que chegou ao julgamento achando que os jurados tinham opinião formada sobre o caso, mas conseguiu enxergar esperança em cada integrante do conselho de sentença.

O advogado afirmou ainda que cronometragens nem sempre são precisas. Segundo ele, mesmo com tarefas diárias, as pessoas gastam tempos diferentes. Podval disse que a única coisa que dá para comprovar naquela noite é a hora que o casal desligou o carro.

O promotor fundamentou o início de sua argumentação final na comparação entre a cronologia das ligações telefônicas dos vizinhos e a versão contada por Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Segundo Cembranelli, é impossível que o pai de Isabella não estivesse no apartamento no momento em que a menina foi jogada.

Com essa cronologia, Cembranelli chegou a conclusão de que era impossível o pai fazer em menos de 1 minuto o trajeto de entrar no apartamento, andar pelos quartos e verificar pela janela que a filha estava caída, sem esbarrar com o possível ladrão.

Anna Carolina também chorou durante a fala do defensor, que afirmou ter dito aos réus que a única chance de serem absolvidos seria falando a verdade. "Essa menina (Anna) está tentando falar o que aconteceu", disse.

Podval criticou o trabalho da perícia e disse que a cena do crime foi alterada, pois várias pessoas passaram pelo apartamento. Segundo ele, no saco em que estava a tela pela qual Isabella caiu havia um fio de cabelo que não foi periciado.

O advogado falou ainda que as unhas do casal também não foram periciadas e contestou o fato de a chave da casa não ter sido analisada. Segundo Podval, os réus ficaram bastante abalados no depoimento que tiveram de prestar em 18 de abril de 2008, no dia do aniversário de Isabella.

Ele foi irônico quando falou da maquete utilizada pela promotoria. "Nossa, está faltando a garagem", disse, acrescentando que estava faltando também as gotículas de sangue da porta do quarto da Isabella. O advogado ainda disse, rindo, que "nas próximas maquetes eles melhoram".

Depois de um intervalo de 30 minutos começam as réplicas de no máximo duas horas, com uma nova pausa de 30 minutos entre a acusação e a defesa. Logo após, está previsto um intervalo de uma hora para o jantar. Logo após, o Conselho de Sentença (formado pelos sete jurados) se reunirá na Sala Secreta com o magistrado, promotor e advogados por mais uma hora para a votação dos quesitos. A sentença será elaborada em uma hora.

O caso

Isabella tinha 5 anos quando foi encontrada ferida no jardim do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na zona norte de São Paulo, em 29 de março de 2008. Segundo a polícia, ela foi agredida, asfixiada, jogada do sexto andar do edifício e morreu após socorro médico. O pai e a madrasta foram os únicos indiciados, mas sempre negaram as acusações e alegam que o crime foi cometido por uma terceira pessoa que invadiu o apartamento.

O júri popular do casal começou em 22 de março e deve durar cinco dias. Pelo crime de homicídio, a pena é de no mínimo 12 anos de prisão, mas a sentença pode passar dos 20 anos com as qualificadoras de homicídio por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima e tentativa de encobrir um crime com outro. Por ter cometido o homicídio contra a própria filha, Alexandre Nardoni pode ter pena superior à de Anna Carolina, caso os dois sejam condenados.

Fonte: Redação Terra
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