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Polícia

Advogado de Mizael acusa promotor e polícia de perseguição

25 fev 2012 - 16h02
(atualizado às 17h05)
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Mauricio Tonetto

O advogado Ivon Ribeiro, que defende o também advogado e policial aposentado Mizael Bispo de Souza, afirmou ao Terra que o seu cliente está sofrendo uma perseguição pessoal do promotor Rodrigo Merli Antunes e da Polícia Civil de São Paulo. Conforme Ribeiro, Mizael, acusado de matar a advogada Mércia Nakashima em 2010, resolveu se entregar na última sexta-feira por não suportar mais que sua família e amigos sejam perseguidos. O advogado disse ainda que o promotor quer condenar Mizael "através da imprensa".

Acusado de matar a advogada Mércia Nakashima em 2010, o advogado e policial aposentado Mizael Bispo de Souza se entregou no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo
Acusado de matar a advogada Mércia Nakashima em 2010, o advogado e policial aposentado Mizael Bispo de Souza se entregou no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo
Foto: Nelson Antoine / Fotoarena / Agência Estado

Relembre o caso Mércia

"É uma perseguição, o caso virou pessoal em relação ao promotor. Eles (acusação) falaram muito e estão num processo de condenação via imprensa. Meu cliente nunca saiu de Guarulhos (SP) ou se afastou mais de 500 m do bairro onde vive", argumentou Ribeiro.

Consultados sobre o assunto, o Ministério Público (MP) rebateu que as cinco tentativas de habeas-corpus em favor de Mizael e os pedidos de revogação da prisão foram negados pela Justiça. O acusado estava foragido desde dezembro de 2010. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Mizael apresentou-se ontem ao juiz Leandro Bittencourt Cano e foi encaminhado ao presídio Romão Gomes, especial para policiais militares.

Para Ivon Ribeiro, ele resolveu se entregar para preservar sua família e amigos. "Houve uma série de arbietraridades durante o ano por parte da Polícia Civil, que invadia o bairro atrás dele, entrava na casa de pessoas, conhecidos e vizinhos. A família estava sendo claramente perseguida e isso é muito ruim, não deveria ter acontecido. Vendo isso, ele quis se entregar".

Além de Mizael, teve decretada a prisão o vigia Evandro Bezzerra Silva, que teria ajudado o advogado na execução da ex-namorada e está foragido. A Justiça determinou que ambos sejam levados a júri popular. O Terra procurou o promotor Rodrigo Merli Antunes, mas não obteve retorno. Já a Polícia Civil avalia se irá responder ao advogado Ivon Ribeiro.

O caso Mércia

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010 e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água. O principal suspeito do crime é o ex-namorado de Mércia, o policial aposentado Mizael Bispo de Souza, que não aceitaria o fim do relacionamento. O vigia Evandro Bezerra Silva é suspeito de ter auxiliado Mizael no crime.

Logo após a morte de Mércia, Evandro teria fugido para Sergipe, onde foi preso em julho do mesmo ano. Em um primeiro momento, ele disse ter ajudado Mizael a fugir, mas voltou atrás depois, alegando ter sido torturado para confessar o crime. Rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocariam os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Além disso, a polícia encontrou nos sapatos do ex-policial pequenas manchas de sangue, fragmentos de osso e chumbo, além de uma alga presente na represa. Mizael chegou a ter a prisão decretada em agosto, mas o mandado foi revogado dias depois. No mesmo mês, Evandro foi solto. Ambos negam todas as acusações.

No dia 7 de dezembro de 2010, a Justiça de Guarulhos decretou a prisão preventiva de Mizael e de Evandro, e determinou que ambos fossem levados a júri popular pelo crime. O ex-namorado de Mércia foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O vigia foi denunciado por homicídio duplamente qualificado (emprego de meio insidioso ou cruel e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.

Fonte: Terra
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