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Polícia

Advogada de Lindemberg pede condenação por homicídio culposo

16 fev 2012 - 12h56
(atualizado às 16h15)
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Duas horas após a promotora Daniela Hashimoto expor suas argumentações na fase final do julgamento de Lindemberg Alves Fernandes, - acusado de matar a ex-namorado Eloá Pimentel, após mantê-la em cárcere privado por 101 horas - iniciou, por volta das 12h desta quinta-feira, a exposição da advogada de defesa do acusado. Ana Lúcia Assad pediu aos jurados que condenassem Lindemberg por homicídio culposo - quando não há intenção de matar. "Ele não desejou o resultado", disse.

Relembre o cárcere privado mais longo do Estado de São Paulo

"Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela", disse a defensora.

A defensora iniciou sua fala pedindo para que os sete jurados vissem Lindemberg como um parente, já que "ele não é um bandido". "Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso." Ana Lúcia pediu que a condenação de Lindemberg fosse na "medida do que ele efetivamente fez".

A advogada garantiu que Lindemberg não tentou matar Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá que também foi mantida refém e foi ferida por uma bala. Ana Lúcia disse ainda que a jovem voltou ao apartamento, depois de já ter sido liberada pelo acusado, "porque quis". "Não podemos dar essa conta toda para o Lindemberg pagar. Isso não é justiça."

Em certo momento, a advogada afirmou que Eloá foi o "grande amor da vida" de Lindemberg. Segundo a advogada, os dois estavam namorando na ocasião em que o crime ocorreu e Lindemberg não teve intenção de matá-la.

"Acredito que ele ainda é apaixonado por Eloá. Eloá foi o grande amor da vida dele", disse a advogada, ao relatar que o réu é "do bem", nunca foi bandido e tinha bons antecedentes. "Ele não é bandido, ele confessou que atirou na Eloá, mas não teve a intenção".

"Ele é uma pessoa do bem, calma e sensata. ... Ele tinha dois empregos, trabalhava para sustentar a família. Na penitenciária, ele estuda, ele trabalha, ele frequenta cultos evangélicos na penitenciária. ... Nesses três anos em que está preso, ele não recebeu visita íntima porque não quer mulher nenhuma na vida dele", afirmou.

Antes de iniciar sua fala, Ana Lúcia fez questão de cumprimentar a família de Eloá, e dos estudantes Nayara, Iago Vilela e Victor Lopes, que foram feitos reféns por Lindemberg. Ela lembrou que apenas atua como advogada de defesa, "para que seja feita a justiça".

"Recebam minhas homenagens de coração. Me solidarizo com todos vocês. Eu não tenho nada contra vocês. Eu imagino que não deve ter sido fácil perder uma filha linda como a Eloá, e da forma como foi", afirmou.

O mais longo cárcere de SP

A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas - Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

Fonte: Terra
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