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Polícia

"Justiceiro" mata adolescente inocente e é solto em SP

Jovem havia sido acusado por engano de pedofilia, mas polícia havia constatado mal-entendido

7 mar 2014 - 15h26
(atualizado às 16h44)
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Moradores da pequena Gastão Vidigal (SP) estão revoltados com a libertação de um homem que espancou a socos, até a morte, um adolescente de 16 anos na segunda-feira de Carnaval. O crime aconteceu na calçada em frente à Delegacia de Polícia e na presença de policiais militares (PMs) e conselheiros tutelares da cidade. Preso em flagrante pela polícia, o encarregado de produção Fabrício Avelino de Almeida, 28 anos, foi colocado em liberdade pela Justiça no mesmo dia.

A vítima, o adolescente Renato Duarte Horácio, de 16 anos, morava em Guarulhos e tinha ido passar o Carnaval em Gastão Vidigal (SP). Ele teria sido morto por ter supostamente fotografado o movimento na praça da cidade. Acompanhado da mãe e do irmão de 18 anos, ele queria levar as fotos como lembrança da viagem.

As imagens que fez, porém, teriam registrado algumas crianças que brincavam na praça, o que levou o pai e o avô de duas delas a suspeitarem que Renato era um pedófilo. A Polícia Militar foi acionada e levou o jovem, a mãe e o irmão à delegacia, mas eles foram logo liberados, uma vez constatado o mal-entendido. 

Fabrício, porém, que em princípio não tinha ligação com a confusão, apareceu na porta da delegacia e, quando o jovem estava de saída, desferiu socos contra ele. O agressor teria dito: "É pedófilo, então venha tirar a foto da minha filha, vem."

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“Colocamos o menino [Renato] dentro do carro para ir embora, mas mesmo assim, este homem [Fabrício] correu para cima dele e o menino, talvez por medo, saiu correndo pela outra porta [do carro]", contou a enfermeira Adriana Simonato, amiga da mãe da vítima. “Mas ele [Fabrício] conseguiu encantoar o menino [Renato] no capô do carro da conselheira tutelar e começou a agredí-lo com socos na cabeça".

Adriana e a família do adolescente gritaram pela polícia e tentaram tirar Fabrício de cima de Renato - a mãe do adolescente chegou a ser agredida na confusão. Mas Fabrício só parou de bater quando o garoto começou a sofrer convulsões. De acordo com Adriana, a amiga da família, Renato chegou socorrido ao Hospital São Domingos, em Nhandeara, cidade vizinha, onde médicos tentaram reanimá-lo, mas não tiveram sem sucesso. 

O agressor, que é irmão da vice-prefeita da cidade, foi preso em flagrante por lesões corporais seguidas de morte, mas foi colocado em liberdade no mesmo dia pelo juiz plantonista José Manoel Ferreira Filho, da Comarca de Votuporanga. O advogado Agenor Maquezini, que defende o agressor, disse que seu cliente está em liberdade provisória concedida pela Justiça e que só vai falar sobre o assunto após a divulgação do laudo da causa da morte pelo Instituto Médico Legal (IML), que deve sair na próxima terça-feira (11).

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Por enquanto, o agressor continua em Gastão Vidigal, o que revolta os moradores. “Não conseguimos compreender como uma coisa dessas aconteceu na nossa cidade. Pior ainda, como a Justiça mantém em liberdade uma pessoa que pratica um crime desses”, disse a comerciante Luísa Lourdes Ribeiro. “Esse homem é conhecido da PM por arrumar briga aqui na cidade e na região, só que ele não tinha a ver com o fato. Ele foi lá só para espancar o menino”, disse Adriana.

O delegado de Gastão Vidigal, Abelardo Alves Gomes, disse que só um fato novo poderá fazer com que Fabrício volte à prisão.  “Se continuar como está, ele responderá em liberdade”, contou. A reportagem tentou falar com o juiz José Manoel Ferreira Filho, mas o diretor do cartório, que atenderia a imprensa, não retornou as ligações.

Fonte: Especial para Terra
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