Voluntários 'correm' para terminar história em quadrinhos oficial da JMJ

Quando a história em quadrinhos oficial da Jornada Mundial da Juventude ficou pronta, o Papa ainda era Bento XVI. Então, o alemão decidiu renunciar ao pontificado, e o animador Gabriel Cruz e o ilustrador Sami Souza tiveram de fazer um verdadeiro milagre: produzir um novo material, já com a imagem do papa Francisco, antes que o evento começasse. Os dois "correm" para dar os últimos retoques na produção, que deve ser lançada no próximo final de semana.

A primeira história foi produzida em cerca de quatro meses. A segunda, na metade deste tempo. O grande aliado dos ilustradores foi o uso de software livre. “A primeira versão foi feita apenas em formato digital, o que é até ecologicamente correto. Conseguimos criar um ambiente de trabalho muito bom. Software livre é mais do que a ideia de não pagar por um programa. É a ideia de trabalhar em comunidade, fazer um trabalho de colaboração. Qualquer problema que você tem, basta buscar ajuda na internet”, explica Gabriel, 32 anos. 

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É algo que tem muito a ver com o ideal do evento para o qual ambos se ofereceram para ser voluntários. “Foram duas histórias acontecendo ao mesmo tempo: produzir o trabalho em software livre e fazer o projeto para a JMJ. Essa cultura de colaboração do software livre tem tudo a ver com a gente e com a filosofia cristã em que estamos inseridos”, complementa o roteirista da produção. “E tem o fato de a gente estar fazendo um trabalho para levar a questão da fé para os jovens com um dom que Deus nos deu.”   

O software ainda possibilitou que ambos pudessem trabalhar em seus tablets onde quer que fosse. Sami desenhou boa parte do material no caminho de casa, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, até o trabalho, no centro. “Eu brinco que o trem era a extensão do nosso estúdio. Tinha ar condicionado e tudo. E uma hora e meia por dia era tempo suficiente para fazer muita coisa. Só precisava ficar de olho para ninguém roubar meu tablet”, brinca o ilustrador de 36 anos, que se ofereceu para o trabalho de forma voluntária.

Nem por isso, no entanto, foi mais fácil. Ambos tiveram de pedir ajuda para quatro alunos seus em ilustração, o que não impediu de terem que atravessar madrugadas trabalhando. “Se não tivesse isso, não seria um trabalho profissional. É um pré-requisito”, diverte-se Gabriel. “A gente precisou de muito café. Só não podia tomar demais para a mão não começar a tremer”, completa Sami.

A história com o papa Francisco ainda é sigilosa. A que tem o Papa Bento XVI e a escolha do Rio de Janeiro como sede da Jornada Mundial da Juventude está na internet em vários idiomas. Gabriel e Sami criaram um personagem que simboliza cada jovem que vai ajudar a realizar o evento. Na primeira edição, o personagem explicava para os pais o que era a JMJ. A segunda deve ter algo sobre a expectativa deste personagem com o Papa. 

E, por incrível que pareça, tudo que os dois sugeriam era logo acatado pelos padres que cuidaram da coordenação do projeto. “A gente brinca que foram nossos melhores clientes”, diz Sami.