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Papa Francisco no Brasil

vc repórter: “foi um pesadelo”, diz voluntário da JMJ ao criticar organização

31 jul 2013 - 21h15
(atualizado em 23/5/2018 às 10h47)
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Horas extras de trabalho, alojamento com ratos, falta de assistência e informação são algumas das críticas que Alan Fernandes, 31 anos - um dos 60 mil voluntários da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) - faz à organização do evento que reuniu milhões de pessoas no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho.

Católico, Alan diz ter ficado entusiasmado com a ideia de participar da JMJ, mas que viu seu sonho se transformar em um “pesadelo”. “Inscrevi-me para ser voluntário, e me senti feliz e lisonjeado pela oportunidade. Mas a sensação de entusiasmo se transformou em pesadelo poucas semanas antes do início dos trabalhos”, afirma. “Não acho que tenha valido a pena participar dessa JMJ como voluntário e me questiono se gostaria de ter essa experiência novamente em outra edição, mesmo indo como peregrino”, diz, decepcionado.

De acordo com ele, os contratempos tiveram início antes mesmo de chegar ao Rio de Janeiro. Depois de pagar uma taxa de R$ 300, que dava direito a um kit voluntário (mochila com camisas e outros diversos itens), seguro, alimentação, kit vigília, transporte e hospedagem durante toda sua estadia, Alan diz que os voluntários passaram a receber emails da coordenação com informações desencontradas. “Passadas mais algumas semanas simplesmente deixamos de receber qualquer informação básica dessa equipe de coordenação, como os locais de nossas hospedagens, por exemplo”, afirma.

Segundo o voluntário, a organização havia garantido que haveria transporte dos aeroportos e rodoviárias até os alojamentos. “Esse transporte mencionado em um primeiro contato não existiu, sem contar que o posto de acolhimento aos voluntários no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, não tinha ninguém para nos atender, e vi o posto vazio por pelo menos 1 hora e 40 minutos”, afirma. ”Tive que dormir no aeroporto porque não havia condução até o alojamento”, reclama. 

Procurada pelo Terra, a assessoria de imprensa da JMJ afirmou, no entanto, que não estava previsto traslado até o alojamento “O valor de R$ 300 era uma contribuição dos voluntários nacionais e internacionais que dava direito a transporte do dia 15 ao dia 28 de julho. O transporte da rodoviária/aeroporto até os alojamentos era por conta do voluntário”.

Alojamentos e trabalho

Alan ressalta que foi muito bem tratado e recebido pelos colaboradores e pela diretoria dos colégios que serviram de alojamento apesar das dificuldades. “O único problema no Colégio Santa Mônica foi a superlotação. Havia salas de aula alojando trinta, quarenta meninos", conta.

Em razão disso, ele decidiu mudar para outro ponto mais distante e vazio, na Barra da Tijuca. "No Colégio Prado Junior também tivemos total acolhimento da diretoria e colaboradores, mas eu tive essa experiência desagradável de ter que dormir em meio a ratos que fizeram ninhos no ar condicionado das salas”, diz. Segundo ele, outros voluntários teriam relatado problemas com número insulficientes de banheiros e banhos de água fria. 

O voluntário afirma ainda que apesar das seis horas de trabalho previstas , trabalhou ao menos oito horas em todos os dias da Jornada. “Em nenhum dos dias em que estive a serviço da JMJ trabalhei menos de oito horas em razão do excesso de pessoas nos eventos, pois isso nos impossibilitava de deixar nossos postos de trabalho e também dificultava o acesso dos outros voluntários que deveriam assumir os outros turnos”, conta. 

"A desordem e desorganização por partes dos organizadores e coordenadores de equipes da JMJ eram nítidas. Ninguém sabia dar uma informação clara, e os voluntários que chegavam a seus postos de trabalho não conseguiam desempenhar suas funções por falta de estrutura. As discussões e conflitos se tornaram constantes, e os problemas vieram de onde ninguém esperava - de fatores internos a JMJ -  e não das manifestações, como se temia".

“Só não posso definir que o que vivi nas mãos dessas pessoas foi um verdadeiro inferno porque apesar de tudo, ainda tivemos a presença de Deus no meio de nós, e um lugar onde Deus habita não se pode chamar de inferno", diz. 

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Em julho de 2013, o papa Francisco faz uma visita histórica ao País: o mais alto representante da Igreja Católica vem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento mobiliza multidões de fiéis na nação que tem a maior quantidade de católicos no mundo, além de milhares de turistas. Clique e veja os números que marcam a visita do Papa ao Brasil.

Organização rebate críticas e diz que resultado foi satisfatório

Ao Terra, a organização da JMJ rebateu as críticas e afirmou que considerou safisfatório o resultado final do evento.

Com relação aos problemas relatados pelo voluntário sobre os alojamentos, a JMJ afirmou que “alguns podem ter ficado mais cheios no primeiro dia quando os voluntários chegavam, porém nenhum (alojamento) ficou acima da capacidade".

A assessoria de imprensa disse desconhecer qualquer informação sobre problemas relatados nos alojamentos. “Todos foram visitados e só eram escolhidos se estivessem aptos para receber as pessoas, o que incluía quantidade de banheiros suficientes. Em nenhuma das nossas visitas aos alojamentos percebemos problemas com animais. Se houve algo, foi pontual.”, argumenta. 

A JMJ disse ainda que a carga horária de seis horas diárias foi respeitada. “A carga horária era de seis horas, e esses horários eram respeitados. Porém muitos deles escolhiam ficar no local mesmo depois do horário. Não queriam ir embora”, garante.

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Anunciado em março deste ano, o papa Francisco realiza neste mês, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), sua primeira viagem internacional. Em visita ao Brasil, o Papa põe à prova sua popularidade conquistada em pouco mais de quatro meses da pontificado.

Papa Francisco no Brasil
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 ocorreu entre os dias 23 e 28 de julho, no Rio de Janeiro. O evento, realizado a cada dois ou três anos, promove um encontro internacional de jovens católicos com o Papa. A última edição da JMJ ocorreu em 2011, em Madri, na Espanha, e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, de mais de 190 países. O JMJ 2013 marcou também a primeira grande visita internacional do papa Francisco desde sua nomeação como líder máximo da Igreja Católica, em 13 de março deste ano.

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O internauta Alan Fernandes, de Uberaba (MG), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

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