De argentinos a poloneses: 12 mil partem de Curitiba para JMJ

Cerca de 12 mil pessoas viajarão de Curitiba ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), segundo estimativa da arquidiocese da capital paranaense. Deste total, 6 mil são peregrinos estrangeiros, que estão na capital paranaense como parte da preparação para o evento com o papa Francisco. A escala também incentiva a troca de experiências entre diferentes culturas, sempre com o foco na religião e na juventude. Outros 6 mil moradores da cidade também viajarão à capital fluminense para acompanhar a jornada.

Jovens de diferentes paróquias de Curitiba estão recepcionando os visitantes poloneses, argentinos, paraguaios, italianos, americanos, canadenses, equatorianos, colombianos, moçambicanos, portugueses, indianos, camaroneses, alemães, suíços, bolivianos, uruguaios e espanhóis. 

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Todos participam de atividades específicas nas paróquias, como missas, celebrações e discussões de temas que estão ligados diretamente com a juventude. Mas também há espaço na programação para passeios turísticos, pois a maioria dos estrangeiros nunca esteve no Brasil. As paróquias de Curitiba se preparam desde o início do ano para a recepção, o que incluiu o pedido de doações para as refeições feitas nos salões paroquiais e a ajuda de frequentadores da igreja para abrigar os visitantes. 

Na paróquia Senhor Bom Jesus, no centro de Curitiba, cerca de 30 voluntários estão recepcionando 44 jovens poloneses. Eles chegaram na última terça-feira e já cumpriram uma extensa programação de atividades. Além das missas e celebrações, eles participaram de recepções, de uma “festa julina”, partidas de futebol e de um tour pela capital paranaense, incluindo cartões postais como o Jardim Botânico, Museu Oscar Niemeyer e Bosque do Papa. Este último é um lugar especial para a comunidade polonesa em Curitiba, por ser uma homenagem ao papa João Paulo II, que visitou Curitiba em 1980. O espaço possui construções em madeira típicas dos primeiros imigrantes poloneses que vieram para o Paraná.

Outra referência cultural durante a visita foi a passagem por uma comunidade polonesa na cidade de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Os jovens foram recepcionados por moradores locais e visitaram um museu da comunidade. 

Os poloneses também passaram por uma comunidade próxima a um seminário na localidade de Rondinha, no mesmo município, onde foram recebidos por uma procissão com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Outro momento marcante da visita foi a recepção de moradores de rua, atendidos pela paróquia Senhor Bom Jesus, para um café da manhã. Os poloneses auxiliaram os voluntários brasileiros na tarefa e tiveram contato com a realidade brasileira. 

A língua completamente diferente não foi empecilho para a comunicação entre os poloneses e os voluntários curitibanos. Em apenas duas atividades, como na visita a comunidade polonesa em Campo Largo, houve a presença de um tradutor. 

Em todas as outras ocasiões, a saída foi usar o inglês e também o improviso. Mas a comunicação flui, segundo Fernanda Bulla Torres, integrante do Grupo Pastoral da Juventude Franciscana, ligada à Paróquia Senhor Bom Jesus. Tanto que isto é verdade que poloneses e brasileiros se juntaram para uma sessão musical no almoço desta sexta-feira, com o uso de instrumentos musicais brasileiros. Uma harmonia perfeita sem a necessidade se comunicar verbalmente.

O contato entre alguns poloneses e voluntários começou antes mesmo da chegada dos jovens em Curitiba. Fernanda e Michal Orzechowski, 28 anos, trocaram ideias pelo Facebook. Isto ajudou bastante depois por já se conhecerem. “Quando recebemos a notícia de que iríamos receber poloneses, ficamos preocupados por causa da língua. Alguns falam inglês, mas poderia haver dificuldades. Começamos a procurar alguns deles pelo Facebook e, antes de virem para cá, já estávamos falando até pelo Skype”, conta Fernanda. “Eles são super espontâneos e também carinhosos. Tudo é diferente para eles, mas sabemos que está superando as expectativas”, comenta.

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Michal Orzechowski afirma que os voluntários em Curitiba receberam os poloneses muito bem e que se sentem confortáveis na cidade. De acordo com ele, a maior diferença cultural nesta passagem pelo Brasil não está sendo a comida. “A comida é parecida com o que fazemos em nossas casas. Mas encontrar as pessoas está sendo bem diferente. Aqui as pessoas são mais abertas, mais receptivas, mais tranquilas”, relata. 

Mateusz Debowski, 23 anos, também destaca o relacionamento das pessoas como o diferencial. “Na Polônia, se você cumprimenta alguém simplesmente, a pessoa pode querer tirar satisfação com você. Aqui, não. Todos são muito sorridentes. Tudo é muito novo e está surpreendendo”, avalia. 

Os poloneses estão bastante ansiosos em ver o papa Francisco no Rio de Janeiro. “Mas também em ver pessoas de todo o mundo”, ressalta Orzechowski. 

Além da programação no Rio de Janeiro, ele também está esperando pela visita em Aparecida, o que deve ocorrer antes da viagem a capital fluminense. Neste fim de semana, os poloneses visitam a cidade de Foz do Iguaçu para conhecer as cataratas. “A gente vê imagens e não acredita. Não sei como será ao ver aquilo tudo com meus próprios olhos”, declara Debowski. 

Papa Francisco no Brasil
Com um público estimado em 1,5 milhão de pessoas, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2013 ocorre entre os dias 23 e 28 de julho, no Rio de Janeiro. O evento, realizado a cada dois ou três anos, promove um encontro internacional de jovens católicos o Papa. A última edição da JMJ ocorreu em 2011, em Madri, na Espanha, e reuniu cerca de 2 milhões de pessoas, de mais de 190 países.

O evento marca também a primeira grande visita internacional do papa Francisco desde sua nomeação como líder máximo da Igreja Católica, em 13 de março desde ano. O Pontífice chega ao Rio de Janeiro na tarde do dia 22 de julho, com retorno a Roma previsto para o dia 28. Sua agenda no Brasil contempla a visita à comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, na zona norte do Rio, e ao Hospital São Francisco de Assis. Além disso, terá um encontro com a sociedade no Theatro Municipal, no centro da cidade, e ao Santuário de Aparecida, em São Paulo. O ponto alto fica por conta de duas grandes celebrações na praia de Copacabana, na zona sul do Rio, nos dias 25 e 26.

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