País tem estruturas que favorecem corrupção, diz historiador
Financiamento privado de campanhas eleitorais é um dos mecanismos que favorecem essa prática
Apesar dos mecanismos de fiscalização e combate à corrupção consolidados, o Brasil ainda tem estruturas, como o financiamento privado de campanhas eleitorais, que favorecem à prática desse tipo de ilegalidade. A avaliação é do historiador Pedro Henrique Pereira Campos, da Universidade Federal Fluminense. Campos foi o entrevistado na terça-feira na série Corrupção, do Repórter Brasil, edição noite, da TV Brasil. A série, com entrevistas ao vivo, é apresentada no telejornal até sexta-feira (28), a partir das 21h.
O historiador é autor da tese A Ditadura dos Empreiteiros: As Empresas Nacionais de Construção Pesada, suas Formas Associativas e o Estado Ditatorial Brasileiro, 1964-1985. "A prática de atividades ilícitas é recorrentes por parte dessas empresas. Existem várias denúncias. No período da ditadura, no entanto, os mecanismos de controle eram menos atuantes, o que não quer dizer que na época tivessem menos irregularidades", disse.
Referindo-se ao caso de corrupção da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato da Polícia Fedral, Campos disse que muitas das empresas envolvidas cresceram e ganharam terreno político no período da ditadura. "Atividades como as que fazem hoje, não vêm de hoje, vêm da ditadura, e vêm até de antes. O fato é que hoje há mecanismos que podem trazer à tona, trazer a público práticas que são costumeiras", destacou.
Ainda de acordo com o historiador, o Estado tem hoje uma legislação que permite essa situação que favorece a prática da corrupção, como o financiamento de campanhas eleitorais. "Essas empresas têm atuação junto aos parlamentares e partidos políticos para obter emendas parlamentares anexadas ao Orçamento. São muito atuantes politicamente. São responsáveis por obras públicas, têm uma atuação junto ao Estado muito poderosa”.