PUBLICIDADE

Política

PF apura se esquema utilizou rádios para lavagem de dinheiro

3 dez 2012 - 09h14
Compartilhar

Apontado como chefe da suposta quadrilha descoberta pela operação Porto Seguro, o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Viera pode ter usado rádios e uma empresa com o mesmo endereço da faculdade controlada pela família em Cruzeiro (SP) para lavar dinheiro obtido com o tráfico de influência em órgãos da União. Com a quebra de sigilo, a Polícia Federal interceptou e-mails em que Vieira orienta seu grupo a fazer diversos depósitos na P1 Serviços, sempre com valores de R$ 9 mil. O objetivo seria evitar que a operação provocasse alerta no sistema bancário e chegasse ao Coaf, o órgão de inteligência financeira do governo federal. Mesmo com o esquema, o Itaú, banco em que a P1 Serviços operava, cancelou a conta por "falta de transparência". As investigações apontam que o grupo utilizava ainda a rádio SMS, do interior de São Paulo, e uma emissora da P1 Comunicação. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

De julho de 2011 ao início deste ano, a P1 Serviços movimentou R$ 1 milhão. A PF ainda rastreou, entre outras contas, recursos de R$ 6,2 milhões em despesas legais e outras sob suspeita. A PF diz que os clientes" do grupo eram instruídos a fazer os depósitos também em parcelas. Em um dos e-mails, Viera orienta um escritório de advocacia de Santos, que defenderia os interesses da Teconci (empresa de terminais de contêineres), a depositar R$ 60 mil em parcelas. A assessoria da Tecondi afirmou que, diante das suspeitas, está "em fase de revisão de todos os procedimentos para verificar atos e documentos antes da aquisição", em referência à operação que transferiu o controle da empresa ao EcoRodovias.

Operação Porto Seguro

Deflagrada no dia 23 de novembro pela Polícia Federal (PF), a operação Porto Seguro realizou buscas em órgãos federais no Estado de São Paulo e em Brasília para desarticular uma organização criminosa que agia para conseguir pareceres técnicos fraudulentos com o objetivo de beneficiar interesses privados. A suspeita é de que o grupo, composto por servidores públicos e agentes privados, cooptava servidores de órgãos públicos também para acelerar a tramitação de procedimentos.

Na ação, foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação.

Exonerada logo após as buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone, cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro.

O inquérito que culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando, arrependido, Cyonil da Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um relatório favorável à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria sido oferecido por Paulo Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado pela PF como o principal articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Em decorrência da operação, foram afastados de seus cargos o inventariante da extinta Rede Ferroviária Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor da Antaq, Jailson Santos Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Enio Soares Dias. Também foi exonerada de seu cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria de Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da própria Mirelle, que é filha de Rosemary.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade