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Comissão da Verdade chama militares para 'revisão de vida'

27 nov 2012 - 16h50
(atualizado em 28/11/2012 às 16h26)
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Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

Classificando a descoberta do registro oficial da prisão do ex-deputado Rubens Paiva como um momento "belo para fazer viver o ideal de uma sociedade fraterna e justa", o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, disse estar otimista quanto ao aparecimento de novos arquivos da ditadura militar (1964-1985). Ele recebeu do governador gaúcho, Tarso Genro (PT), a cópia do arquivo que comprova a prisão de Paiva no Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), no Rio de Janeiro, em 1971. Além disso, Fonteles obteve detalhes sobre a manobra para ocultar a responsabilidade de militares ao atentado no Riocentro, em 1981, e chamou os militares a fazerem uma "revisão de vida".

O presidente da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles (D), recebeu um documento que comprova a prisão do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido há 40 anos
O presidente da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles (D), recebeu um documento que comprova a prisão do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido há 40 anos
Foto: Comissão Nacional da Verdade / Divulgação

"Colabore, a Comissão está aberta e será mantido sigilo, seu nome não aparecerá, basta que você nos telefone e diga que está enviando a situação tal. Essa é uma responsabilidade histórica de você se envolver na construção de seu País. Quanto aos militares, nós todos fazemos revisão de vida. Eles podem entender que realmente não foram bem e agora é uma forma de recompor. Estou otimista", afirmou ele.

O documento fazia parte do arquivo pessoal do coronel da reserva Julio Molinas Dias, 78 anos, assassinado a tiros na capital gaúcha em 1º de novembro, quando chegava de carro em sua casa. Após o crime, a Polícia Civil repassou o arquivo à Comissão Estadual da Verdade, que também entregou uma cópia à Comissão Nacional da Verdade. No acervo de Molinas Dias, foram encontrados os detalhes do atentado no Riocentro, que devem gerar novas investigações.

"Esse 'documento-fonte' pode mencionar outros arquivos e nomes. A partir dele, iremos desvendando o mistério e revelando a verdade. Toda mentira um dia é revelada, porque a verdade prevalece", disse Fonteles. "Os documentos que estão surgindo agora servem para fazer viver uma reconstrução histórica. Todos nós, brasileiros, devemos internalizar que jamais poderemos admitir soluções arbitrárias e ditatoriais nesse País", completou.

Futuro das investigações

O coordenador da Comissão Nacional da Verdade salientou que ao final das investigações sobre os fatos obscuros dos anos de chumbo, uma série de recomendações será feita ao País para que nunca mais o Estado viva uma ditadura.

"Isso será encaminhado conforme o andamento do trabalho, mas posso adiantar que a espinha dorsal é nunca mais Estado ditatorial e sempre Estado democrático. O compromisso é que nunca mais as brasileiras e os brasileiros experimentem e admitam que a solução para os nossos conflitos e as nossas divergências radique na violência, na imposição do mais forte, na truculência, no assassinato desmesurado e desenfreado", explicou.

Fonte: Terra
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