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Manifestantes cobram embargo de hotel em praia do RJ

24 nov 2012 - 15h09
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Juliana Prado
Direto do Rio de Janeiro

Uma manifestação neste sábado voltou a marcar a insatisfação de moradores e ambientalistas com a construção de um hotel da rede Hyatt em um terreno da Praia da Reserva, zona oeste do Rio de Janeiro. O grupo, de cerca de 400 pessoas, em sua maioria formado por adolescentes e jovens estudantes, protestou contra o avanço das obras, que preveem, ainda, a construção de um condomínio com unidades residenciais. A contrariedade dos manifestantes se deve ao fato de aquela região ser considerada, por lei, de preservação ambiental.

No entanto, a prefeitura deu sinal verde para o empreendimento, alegando que não há restrições na legislação para instalar ali a unidade. O governo sustenta também que o investimento será estratégico para o aumento de quartos da rede hoteleira para os Jogos Olímpicos de 2016.

Este é o segundo evento público contra as obras. Um dos líderes do grupo de manifestantes, o estudante Lui Fuller, afirma que o movimento está ganhando força e que "muita gente está preocupada com esse absurdo na Praia da Reserva".

O estudante, de apenas 16 anos, tem discurso pronto para justificar todo o barulho do grupo. "Eles já derrubaram tudo (mata que ocupava a área), mas sabemos que tudo pode ser replantado. Nossa briga não é contra a construtora, é contra quem vendeu o terreno", afirma, em alusão à prefeitura, responsável pelo aval à obra. O grupo reivindica um encontro com representantes do governo Eduardo Paes (PMDB) para discutir o assunto.

Juventude verde

Presente à manifestação, o biólogo Marcelo Mello, falou sobre a participação de adolescentes e jovens - a maioria moradores da região da Barra da Tijuca. "Isso aqui é um movimento da 'juventude verde'. Eles se uniram de forma espontânea, para preservar esse bioma de Mata Atlântica que tem aqui". De acordo com o biólogo, a lei protege áreas como a da Praia da Reserva, formada, segundo ele, por vegetação de restinga.

Eles denunciam que algumas espécies da flora foram destruídas, com prejuízos importantes para o meio ambiente. Mello tenta desconstruir a argumentação de que a área já estava degradada. "Isso não existe. O que deveria haver ali era a recuperação da área. Mas o que a prefeitura fez? Além de autorizar a obra, isentou de impostos o grupo Hyatt, uma empresa internacional arquimilionária". O especialista vai além: "nossos governantes estão usando área de Mata Atlântica como moeda corrente".

Flores para a PM

Com gritos de guerra, rostos e até mesmo corpo pintados com tinta verde, os adolescentes se mobilizaram em frente ao terreno onde a obra está sendo tocada. Munidos de cartazes e faixas de protestos - grande parte deles com críticas diretas ao prefeito Eduardo Paes - eles paravam motoristas que passavam pela Avenida Lúcio Costa pedindo que buzinassem em apoio à "causa verde". Eles classificavam como "Holocausto ambiental" a construção do hotel e dos apartamentos na área.

O protesto foi marcado por apreensão, já que no último sábado, a Polícia Militar e os manifestantes entraram em confronto. Com a situação saindo ao controle, com jovens fechando a pista para passagem dos carros, homens da PM chegaram a intimidar os participantes utilizando gás de pimenta para conter a multidão. Para reverter o problema e evitar novo embate, os organizadores se prepararam orientando o grupo para que evitassem desrespeitar o policiamento. E ainda usaram uma estratégia diferente de "pacificação": entregaram flores aos policiais.

Dois caminhões do grupamento de Choque da Polícia chegaram a ser deslocados, mas depois de cerca de uma hora, abandonaram o local. Responsável pela operação, o Tenente Marvim negou que o Choque pudesse coagir os jovens e que o grupo foi avisado de que eles seriam enviados à manifestação deste sábado.

O protesto ainda contou com pichações do tapume que cerca toda a extensão do terreno, abraço simbólico à área e passeata. Ao final, dezenas de cruzes foram enterradas nas areias da Praia da Reserva.

Em nota, a Rede Hyatt informou que o terreno não está "e jamais esteve" incluído na área do Parque Natural da Barra da Tijuca. A empresa, com sede nos EUA, informa ainda que o terreno adquirido sempre foi de propriedade particular. "Trata-se, portanto, de terreno com permissão legal para construção", diz a nota.

O grupo ainda alega que, em 1993, um decreto regulamentando a implantação da Área de Preservação Ambiental (APA), "excluiu da APA a parte degradada do terreno onde será construído o empreendimento". Sobre o processo de licenciamento junto ao município, a alegação é de que incluiu estudos de impacto ao meio ambiente. O grupo sustenta que "quando a rede Hyatt adquiriu o terreno, praticamente toda a vegetação da área já se encontrava degradada pela seguida utilização, ao longo dos anos, como canteiro de obras dos loteamentos vizinhos, do Projeto Rio Orla e da construção do Emissário Submarino".

A manifestão foi contra a construção de um hotel da rede Hyatt
A manifestão foi contra a construção de um hotel da rede Hyatt
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Fonte: Terra
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