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Polícia

Delegada: reconhecer PCC 'não é glamourizar, é pé na realidade'

20 nov 2012 - 08h56
(atualizado às 09h16)
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Operação policial desarticulou uma célula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que atuava no Paraná
Operação policial desarticulou uma célula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que atuava no Paraná
Foto: PMPR / Divulgação
Daniel Favero

O crime organizado paulista e carioca têm em comum apenas a ousadia de enfrentar o Estado. De resto, as facções são muito diferentes. "A principal organização criminosa organizada de São Paulo é o PCC (Primeiro Comando da Capital), é a que tem o maior domínio, é muito mais organizada, tem uma ramificação muito forte. Se existe outro tipo de organização criminosa, ela não faz frente ao PCC", diz a delegada Marilda Pansonato Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

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Ela critica a Secretaria de Segurança de SP por não reconhecer a existência da facção. Segundo ela, admitir a atuação do PCC "não é glamourizar (o crime), é pé na realidade". Segundo ela, a organização teria mais de 1,3 mil integrantes e faturamento mensal de R$ 6 milhões, arrecadado por meio das mensalidades, de aproximadamente R$ 800, de seus integrantes, além de um percentual do resultado das ações criminosas.

Diferente do que acontece no Rio, o PCC não costuma dominar territórios nos quais a polícia é impedida até de entrar. Seus integrantes ficam pulverizados, o que torna seu combate muito mais complicado. O governo paulista chega a dizer que não existe crime organizado em São Paulo e nega que as recentes ações que já mataram mais de 90 policiais sejam fruto de alguma retaliação do PCC contra o Estado.

"Quando existe esse estado de exceção, essa crise que beira a falência da segurança pública no Estado, existem oportunistas que fazem o acerto de contas (matando policiais), mas atribuir todas essa onda de violência a acerto de contas é de uma ingenuidade... Estão subestimando a inteligência da sociedade. Isso é uma ação orquestrada, direcionada aos policiais, que teve início na operação na qual seis integrantes da facção foram mortos", pontifica a delegada.

Segundo ela, todo o enfrentamento, incluindo trabalho de inteligência, é feito pela Polícia Militar, deixando de lado a Polícia Civil, que deveria ser responsável pela investigação. "Nada contra a Polícia Militar, que é uma valorosa corporação, merece respeito, mas atribuir à Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar, tropa da PM) a responsabilidade pela investigação é totalmente inadequado."

Marilda afirma que isso configura o crime organizado contra o Estado desorganizado. "As ordens são passadas de dentro dos presídios. Isso, para mim, é o fim da picada no Universo", critica. "Não deram importância ao que estava acontecendo, tentaram esconder, desmistificar, dizendo que eram só 30, que não tinha PCC. Depois que viram que existia mudou o discurso, e agora começa essa operação de guerra. De fato, confirmam que existe uma organização que merece ser considerada", conclui a delegada.

Onda de violência

Desde o início do ano, ao menos 90 policiais foram assassinados no Estado. Desse total, 18 eram aposentados e três estavam em serviço. Além disso, o Estado continua a enfrentar um grande índice de violência. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, só na capital houve um crescimento de 102,82% no número de pessoas vítimas de homicídio no mês de setembro (o índice inclui também mortes no trânsito consideradas homicídio doloso), em comparação ao mesmo período do ano passado. Em todo o Estado, a alta foi de 26,71% no mesmo período.

Fonte: Terra
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