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Polícia

Irmão: réu por canibalismo nunca mostrou problema psiquiátrico

25 out 2012 - 21h59
(atualizado às 22h11)
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Celso Calheiros
Direto de Olinda

O Tribunal do Júri de Olinda iniciou, na tarde desta quinta-feira, os interrogatórios das testemunhas no processo que julga os três réus envolvidos em três mortes que envolveram práticas de canibalismo. Jorge Beltrão Negromonte, 50 anos, Isabel Cristina, 51 anos, e Bruna Cristina de Oliveira, 25 anos, são julgados pelo assassinato, ocultação e vilipêndio do cadáver da adolescente Jéssica Camila da Silva, ocorrido em 2008. O Ministério Público informou que questionará sanidade mental dos réus.

De acordo com Emanuel e Irineu Beltrão Negromonte, irmãos do réu, Jorge Beltrão sempre teve personalidade forte, espírito de liderança e inteligência. Os dois disseram que o irmão nunca mostrou algum problema psiquiátrico e que ele pode ter simulado alguma doença mental.

As outras testemunhas ouvidas pouco acrescentaram, por sua relação indireta com o processo, como a vizinha na época que o casal morou no bairro de Rio Doce ou a mulher que comprou a casa onde os três réus moravam, local onde a polícia encontrou fragmentos dos restos mortais de Jéssica, comprovados por exame de DNA.

O pedido para exame de sanidade mental de Jorge Beltrão foi solicitado pelo advogado Ranieri Aquino, que também representa Bruna Cristina. O advogado Paulo Sales, defensor de Isabel Cristina, disse que "ainda" não fará o pedido. De toda forma, a promotora Eliane Gaia Alencar antecipou que pedirá à juíza Maria Segunda Gomes de Lima exames para atestarem a sanidade mental dos três réus. "O interesse do Ministério Público é cumprir todas as etapas", disse a promotora.

Se for comprovado algum transtorno mental em um ou nos três réus, explicou a promotora, ele ou eles não irão a julgamento, embora o processo continue. "Nessa situação, o juiz determina um período para que o réu fique internado, recebendo tratamento e sendo periodicamente avaliado", detalhou a representante do Ministério Público. Os exames serão realizados pelo Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.

Jorge, Isabel e Bruna foram presos em Garanhuns (PE), em abril. A polícia investigava o desaparecimento de Giselly Helena da Silva. Descobriram, então, que os três participaram do assassinato, vilipêndio e ocultação do cadáver tanto da desaparecida quanto de uma outra vítima: Alexandra Falcão. O caso ganhou repercussão porque além dos homicídios, o grupo realizava rituais e consumia a carne das vítimas.

O aprofundamento das investigações e a descoberta do livro "Relatos de um esquizofrênico", escrito e ilustrado por Jorge Beltrão, levaram a polícia a desvendar também a morte de Jéssica. Todas as três vítimas foram atraídas pelo grupo com promessas de emprego e pagamento de um salário acima do mercado.

Uma vez que as vítimas estavam na casa dos três, Jorge as estrangulava. O caso de Jéssica foi o que mais chocou por ela ter uma filha, que passou a ser criada por Jorge e Bruna. A menina também consumiu a carne da mãe, de acordo com os relatos dos réus.

Ainda nos depoimentos dos irmãos de Jorge, nesta quinta-feira, o acusado foi apontado como uma pessoa inteligente, com hábitos de leitura e gosto pelo desenho e criação de histórias. Isabel foi descrita como pessoa atenciosa, prestativa, muito dedicada à vida em família e que sempre colaborava nas festas ou dava atenção às crianças.

Já Bruna, mais nova que o casal Jorge e Isabel, foi descrita como uma moça atlética, que gostava de malhar na academia onde Jorge trabalhava.

Os próximos passos do processo terão novos depoimentos de testemunhas do Ministério Público e dos advogados de defesa. O resultado do laudo de sanidade mental dos réus também deverá ser apresentado nesta etapa.

A promotora Eliane Gaia Alencar pediu sigilo para o depoimento do delegado Paulo Berenguer, que investigou a morte de Jéssica, além do de outra testemunha que classificou como chave para o processo.

Irineu José Negromonte da Silva, irmão do réu, fala com a promotora Eliane Gaia
Irineu José Negromonte da Silva, irmão do réu, fala com a promotora Eliane Gaia
Foto: Celso Calheiros / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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