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Polícia

Protesto na Sé marca 20 anos do massacre do Carandiru

2 out 2012 - 19h05
(atualizado às 19h17)
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Marina Novaes

Vagner Magalhães

Cerca de 100 pessoas foram à praça da Sé para lembrar os 20 anos do massacre do Carandiru
Cerca de 100 pessoas foram à praça da Sé para lembrar os 20 anos do massacre do Carandiru
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Direto de São Paulo

Cerca de 100 pessoas participaram nesta terça-feira de um ato para lembrar os 20 anos do massacre do Carandiru, quando 111 detentos foram mortos na Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992. A manifestação, que ocorreu na praça da Sé, no centro da capital paulista, reuniu sobreviventes e membros de organizações não-governamentais, que aproveitaram para protestar contra a morosidade da Justiça em julgar o caso e contra a política de segurança pública do governo do Estado.

Carandiru 20 anos: sobrevivente diz que morreram mais que 111

"Queremos que essa data, 2 de outubro, se torne uma data para combater os massacres e a violência do Estado. E também é uma oportunidade de discutir o sistema de encarceramento em massa adotado no Brasil. Nos últimos anos, o número de detentos cresceu assustadoramente, (...) só em São Paulo, é uma média de 3 mil novos presos por mês, e a maioria dos presos é de jovens, entre 18 a 30 anos, acusados de pequenos furtos. Essa política tem que mudar, a legislação que trata disso precisa ser revista", destacou o padre Valdir João Silveira, coordenador nacional da Pastoral Carcerária.

O ato começou pela manhã, com um protesto em frente à casa do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho, que comandava o Estado na época em que o crime aconteceu. Na calçada em frente à residência, os manifestantes pintaram a silhueta de um corpo e acenderam velas em memória às vítimas.

De acordo com Rodolfo Valente, militante da Rede 2 de Outubro, o "esculacho" foi uma forma de protestar contra o fato de Fleury nunca ter sido responsabilizado criminalmente pela invasão da Polícia Militar no presídio, embora o político negue ter ordenado ou autorizado a ação. "Na calçada do Fleury ficou registrado que ele foi responsável pelo massacre do Carandiru. Que isso não foi esquecido", afirmou.

Já na praça da Sé, foi realizado um ato ecumênico e um protesto, que contou com a participação da ONG Mães de Maio, representando os familiares dos detentos mortos. Além do ato religioso, os manifestantes caminharam até as sedes do Tribunal de Justiça e da Secretaria de Segurança Pública, onde leram os nomes das 111 vítimas.

Desde que o caso aconteceu, o único julgado por envolvimento no caso foi o coronel Ubiratan Guimarães, que chegou a ser condenado a 632 anos de prisão, em 2001, mas teve sua pena anulada em 2006 (mesmo ano em que morreu assassinado). Na semana passada, a Justiça paulista marcou para janeiro de 2013 a primeira fase do julgamento dos demais PMs acusados.

O massacre

Em 2 de outubro de 1992 uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos.

Entre as versões para o início da briga que desencadeou o acionamento da PM está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Presos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam que a invasão era iminente. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.

Fonte: Terra
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