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Polícia

Viúva: Cabo Bruno matava para imitar ator e queria perdão das vítimas

1 out 2012 - 01h31
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Assassinado na última quarta-feira pouco mais de um mês após deixar a prisão, depois de 27 anos de pena, Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno, queria pedir perdão para a família das mais de 50 pessoas que matou quando chefiou um esquadrão da morte da polícia nos anos 80, segundo depoimento de Dayse França, viúva do ex-policial. "Ele queria o endereço de todo mundo. Ele precisava pedir perdão mesmo que não aceitassem. Algumas perdoaram, retornavam com cartas. Algumas mandavam ele para o inferno, diziam que não queriam saber", diz Dayse em entrevista ao Fantástico. Na prisão, Cabo Bruno se converteu à Igreja Evangélica e se tornou pastor, como a mulher. Durante um culto, ele falou sobre os crimes do passado e afirmou ser um novo homem. "Como pode, depois de tudo que esse homem fez, de toda barbárie que ele cometeu, como pode Deus perdoar uma pessoa dessa forma? A única coisa que eu sei é que o nosso Deus é um Deus de misericórdia. É um Deus de perdão", pregou.

"Ele falou 'não existe esquadrão da morte, nunca existiu. Nunca envolvi ninguém. Era eu sozinho. Eu errei sozinho'", conta a viúva, que aponta uma inspiração para os assassinatos cometidos pelo marido: "ele imitava até o jeito de vestir do Charles Bronson. Ele queria ser igual. Ele achava (que podia fazer justiça com as próprias mãos). Não justifica, mas foi isso", explica. Cabo Bruno teria mudado após se converter: "ele viu que o Cabo Bruno não era nada. Quem era ele diante de Deus? Aí que ele começa a mudar. O homem que eu conheci era doce", declara Deisy, que diz não ter visto detalhes do assassinato do marido, apesar de estar no mesmo carro que ele quando foram abordados. "Ele abaixou para poder sair, ainda de costas, e começaram os tiros. A gente não viu nada. Estava escuro, chuviscando. Eu falava para ele 'não me deixa, como é que eu vou viver sem você?'", relata.

Morte misteriosa

Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno, foi assassinado no fim da noite do dia 26 de setembro, em Pindamonhangaba, pouco mais de um mês depois de deixar a penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, no município vizinho de Tremembé, após cumprir 27 anos de prisão.

De acordo com a Polícia Civil, Oliveira voltava de um culto religioso com a família, por volta das 23h50, e já estava próximo da residência onde vivia quando foi abordado por dois homens. Ele desceu do carro e sofreu cerca de vinte disparos, a maioria no rosto e no abdômen, morrendo já no local. Os parentes, que ficaram dentro do veículo, saíram ilesos e nada foi roubado.

Esquadrão da morte nos anos 80

Acusado de chefiar um esquadrão da morte na polícia, Cabo Bruno foi condenado a 113 anos de prisão por matar mais de 50 pessoas, na zona sul de São Paulo, na década de 1980.

Ele foi preso pela primeira vez em 1983. Em sete anos, o ex-policial fugiu três vezes do presídio militar Romão Gomes - uma delas depois de fazer funcionários reféns. Em maio de 1991, foi recapturado e encaminhado à penitenciária Dr. José Augusto Salgado, em Tremembé (SP).

A Justiça já havia permitido, em 2009, que Cabo Bruno cumprisse o restante da pena em regime semiaberto. A decisão, na época, levou em conta parecer do Ministério Público baseado em exames psicossociais e comportamentais, que favoreceram a deliberação dos promotores.

No último dia 23 de agosto, a juíza Marise de Almeida, da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, concedeu indulto pleno ao ex-policial, além de declarar extintas as penas contra ele. A decisão foi tomada com base na "boa conduta carcerária" do preso.

Fonte: Terra
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