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Polícia

Novo comandante da Rota participou do massacre do Carandiru

28 set 2012 - 08h00
(atualizado às 08h01)
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O recém-nomeado comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), de São Paulo, Nivaldo Cesar Restivo, está entre outros 119 PMs denunciados pelo massacre do Carandiru, ocorrido no dia 2 de outubro de 1992, quando de 111 presos foram assassinados após uma rebelião. Ele foi denunciado por participação no espancamento de 87 presos na operação de rescaldo, ocorrida após a invasão, quando policiais fizeram um corredor polonês para espancar os presos que estavam rendidos. Restivo assumiu o comando da Rota após um balanço demonstrar um crescimento de 45% no número de mortos pela corporação nos primeiros cinco meses deste ano em relação a igual período de 2011. Ele substituiu o tenente-coronel Salvador Madia, que também foi denunciado na ação penal do massacre, que completa 20 anos no dia 2 de outubro. Madia é acusado de estar presente no 3º Pavimento do Pavilhão 9, onde foram assassinados 73 presos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o Ministério Público, os policiais do 2º Batalhão de Choque, ao qual pertencia Restino, tinham o dever de conter o espancamento causado pelos praças, o que não aconteceu. Foram usados golpes de cassetetes, canos de ferro, coronhadas de revólver e pontapés. Alguns foram feridos por facas, estiletes e baionetas e por mordidas de cachorro. Como os oficiais, de acordo com o MPE, foram omissos, eles foram denunciados. Os promotores apuraram ainda que os oficiais tiraram as insígnias e a identificação dos uniformes, demonstrando "a prévia intenção criminosa". Segundo a denúncia, durante a invasão, Restivo usava um revólver da marca Taurus, calibre 38, e uma metralhadora Beretta. O novo comandante da Rota, contudo, não foi acusado de ter praticado homicídio, mas foi acusado de lesão corporal grave. Entre os integrantes do 2º Batalhão de Choque, segundo a denúncia, os revólveres foram usados para dar coronhadas nos presos. Restivo é homem de confiança do secretário de segurança do Estado, Antonio Ferreira Pinto.

O massacre

Em 2 de outubro de 1992 uma briga entre presos da Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e a morte de 111 detentos.

Entre as versões para o início da briga que desencadeou o acionamento da PM está a disputa por um varal ou pelo controle de drogas no presídio por dois grupos rivais. Ex-funcionários da Casa de Detenção afirmam que a situação ficou incontrolável e por isso a presença da PM se tornou imprescindível.

A defesa afirma que os policiais militares foram hostilizados e que os presos estavam armados. Presos garantem que atiraram todas as armas brancas pela janela das celas assim que perceberam que a invasão era iminente. Do total de mortos, 102 presos foram baleados e outros nove morreram em decorrência de ferimentos provocados por armas brancas. De acordo com o relatório da Polícia Militar, 22 policiais ficaram feridos. Nenhum deles a bala.

Fonte: Terra
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