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Polícia

"Bandido bom é bandido morto", diz deputado sobre críticas a PMs

19 set 2012 - 18h02
(atualizado às 23h56)
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"Bandido bom é bandido morto". Assim o líder do PSDB na Assembleia Legislativa de Goiás, Túlio Isac, reagiu às críticas que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa, Mauro Rubem (PT), fez à política de segurança pública do governador Marconi Perillo (PSDB) na terça-feira.

"Deixa a polícia trabalhar, deputado", disse Isac durante sessão da Assembleia Legislativa. Da tribuna, ele defendeu o aumento do número de policiais e a criação de uma força de elite. "Carregue as armas e meta bala nos vagabundos que atormentam a vida dos trabalhadores". Minutos antes, também da tribuna, Mauro Rubem tinha classificado o governo do Estado de omisso em relação a possíveis desmandos policiais.

Às vésperas da audiência pública em que o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) discutiria denúncias de envolvimento de policiais militares goianos em assassinatos e no desaparecimento de pessoas, os discursos dos dois parlamentares evidenciaram duas formas distintas de encarar a atuação da polícia para garantir a segurança da sociedade.

Para Rubem, a falta de um controle mais rígido da atividade policial, de apuração das denúncias e de punição dos responsáveis por desmandos tem vitimado inocentes, e contribuído para o aumento da sensação de insegurança em Goiás. No último dia 21, Rubem apresentou ao CDDPH relatório da Comissão Estadual de Direitos Humanos sobre o desaparecimento de 36 pessoas após abordagem de policiais, no período de 2000 a 2010. De acordo com o relatório, que denuncia outros abusos, entre os desaparecidos, há um garoto de 12 anos. Após receber as denúncias, o CDDPH decidiu fazer uma reunião extraordinária na capital goiana.

Embora sem comentar especificamente os casos apontados no relatório, Isac defendeu os PMs goianos, dizendo que os bandidos não hesitam em reagir à ação policial e que, se a corporação não age com rigor, ninguém visita as famílias das vítimas dos criminosos, que permanecem à solta. "Hoje, o policial não pode sacar a arma. O policial só pode atirar se o bandido atirar primeiro e errar", disse Isac.

Segundo ele, se bandidos houvessem sido "aniquilados", o radialista e comentarista esportivo Valério Luiz "ainda estaria vivo". Filho do comentarista esportivo Manoel de Oliveira, Luiz foi morto a tiros em julho deste ano. O crime ainda está sendo apurado. Na época, o pai do radialista chegou a dizer que perdeu o filho para o futebol. Dias depois, o então comandante de Missões Especiais da Polícia Militar, tenente-coronel Wellington Urzêda, foi afastado do caso após a mulher de Luiz ter questionado o fato de, até pouco antes do crime, o militar fazer parte da diretoria do Atlético Goianiense. A gestão dele tinha sido duramente criticada pelo radialista.

Na semana passada, Urzêda foi afastado temporariamente do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar de Goiás e está sendo investigado por denúncias de envolvimento em um grupo acusado de ser responsável pelo desaparecimento de várias pessoas nos últimos 11 anos.

A audiência pública do CDDPH começou no início da tarde desta quarta-feira, na sede do Ministério Público Federal, em Goiânia. É a terceira vez que o conselho, vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, reúne-se fora de Brasília. As reuniões anteriores foram no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

Agência Brasil Agência Brasil
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