Novo acidente radioativo no Brasil é improvável, diz Cnen
12 set2012 - 20h05
(atualizado em 13/9/2012 às 08h04)
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O diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Ivan Salati, avaliou que, hoje, são "absolutamente pequenas" as possibilidades que venha a se repetir no Brasil um acidente radioativo como o que ocorreu em Goiânia, há 25 anos, quando houve vazamento do material radioativo césio 137.
Segundo ele, a responsabilidade dos operadores de fontes radioativas foi reforçada. O césio usado em aparelhos de radioterapia foi substituído pelo cobalto e esse elemento vem sendo trocado também por aceleradores, "que permitem que o tratamento dado aos pacientes seja mais eficaz que as chamadas bombas de cobalto e bombas de césio".
O diretor da Cnen acredita que, atualmente, as pessoas que lidam com materiais radioativos têm mais informação sobre como manuseá-los e, além disso, a fiscalização tem sido mais sistematizada. Hoje, a comissão tem um cadastro eletrônico dos equipamentos e máquinas que usam fontes radioativas. Além disso, a Cnen tem treinado o pessoal do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e da Polícia Rodoviária Federal para lidar com situações como a do vazamento de material radioativa de Goiânia.
Salati destacou como medida preventiva, adotada a partir do acidente com o césio 137, a obrigatoriedade de autorização da Cnen para a entrada no Pais de equipamentos de radiação importados, em um trabalho conjunto com a Receita Federal. Além disso, as instituições onde os aparelhos serão instalados passam por uma vistoria e a Cnen exige que as pessoas que vão operar a fonte sejam capacitadas.
As cerca de 6 mil toneladas de lixo radioativo retiradas do acidente do césio 137 foram levadas inicialmente para um depósito provisório no município de Abadia de Goiás, próximo de Goiânia. Posteriormente, foi construído um depósito definitivo, dentro dos padrões internacionais, devido ao grande volume de rejeitos do acidente radioativo.
"O depósito foi construído para durar até que a radioatividade se reduza a um nível muito baixo que não ofereça riscos à população, nem ao meio ambiente", disse Salati. Na área do depósito, segundo ele, foram montados laboratórios onde são feitas pesquisas e o monitoramento do local. "É um exemplo de como um repositório pode ser integrado à vida de uma cidade sem ter consequências negativas", afirmou.
Vista aérea da região onde o aparelho usado em radioterapias começou a ser desmontado por catadores de ferro-velho, na rua 57, em Goiânia (GO)
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Dentro do equipamento havia uma capsula de césio, aberta pelo dono de um ferro-velho para o reaproveitamento do chumbo que cobria o material radioativo
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Área onde ficava o Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), no centro da cidade, onde o equipamento foi abandonado
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Sala em ruínas onde a cápsula ficou abandonada
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Apenas 19,26 g do cloreto de césio foram expostas ao ambiente, causando as primeiras mortes
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Sob esta árvore, a capsula de césio ficou exposta durante cinco dias
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
A contaminação teve início em 13 de setembro de 1987, mas só no dia 29 do mesmo mês as autoridades emitiram um alerta. Voluntários ajudaram nos primeiros atendimentos
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
As pessoas contaminadas eram transferidas de avião para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Servidores da Vigilância Sanitária monitoravam a cápsula de césio
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
A rua 57 foi lavada na tentativa de diminuir a contaminação
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Com tapumes, as autoridades cercaram o terreno contaminado
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Imagem da época mostra trabalhadores lanchando em cima de tambores contaminados
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
O terreno foi escavado para a descontaminação
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Após a retirada do solo contaminado, o terreno onde ficava o IGR foi concretado
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Os rejeitos foram transportados para local seguro
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Roupas e pertences pessoais das vítimas foram isolados
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
O material foi isolado no campo de um estádio de futebol
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Em um dos vestiários do estádio, as vítimas eram lavadas com vinagre
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
A capsula de césio foi concretada
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
A Comissão nacional de Energia Nuclear (CNEN) mandou examinar toda a população da região
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Este robô era usado para entrar nas casas contaminadas
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Os túmulos das vítimas foram feitos em concreto para tranquilizar a população
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
As sepulturas eram fechadas com tampas grossas para evitar que os corpos pudessem contaminar o ambiente
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Com medo, a população tentou impedir o enterro de duas vítimas
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Em caixões de chumbo, corpos foram transferidos para o Rio de Janeiro
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação
Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) foram usados na operação
Foto: Associação das Vítimas do Césio 137 / Divulgação