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Moradores de favela incendiada em SP passam noite em calçada

4 set 2012 - 08h32
(atualizado às 08h53)
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Fábio Santos
Direto de São Paulo

Moradores da favela Sônia Ribeiro, na região do Campo Belo, na zona sul de São Paulo, tentam recomeçar a vida após o incêndio que destruiu vários barracos da comunidade na tarde desta segunda-feira. Muitos desabrigados passaram a noite na calçada, tentando recuperar objetos que não foram atingidos pelo incêndio, outros procuraram abrigo na casa de amigos ou em espaços improvisados.

Moradora da comunidade caminhando pelo local que foi atingido pelo incêndio
Moradora da comunidade caminhando pelo local que foi atingido pelo incêndio
Foto: Adriano Lima / Terra

Algumas famílias reclamam do problema recorrente da favela, que existe há muito tempo no local e já passou por um incêndio semelhante em 2006. "Estou aqui há sete anos e já passamos por um incêndio desses. Prometeram conseguir um terreno pra gente, com moradia, mas até hoje não vimos nada disso. Agora, estão dizendo que não podemos mais construir no terreno. Para onde nós vamos?", questionou a moradora Aparecida de Fátima, 48 anos, que passou a noite na calçada, ao lado do marido, dois filhos e três netos .

A mulher disse que a prefeitura ofereceu colchões e ajuda com cesta-básica. Para ela, o que falta ainda é uma proposta de oportunidade de moradia. "Ofereceram galpão para a gente ficar, mas eu prefiro ir para baixo da ponte. A prefeitura oferece o auxílio aluguel, que acho que é de R$ 300, mas esse valor não dá para nada. Ficam nos jogando de um lado para o outro, agora eu nem sei para onde vamos", disse Aparecida, que conseguiu salvar apenas uma mala com roupas da casa onde vivia com a família.

De acordo com a subprefeitura de Santo Amaro, responsável pela região, funcionários da assistência social passaram a noite no local cadastrando moradores que se interessaram em seguir para um abrigo da prefeitura. Provisoriamente, muitos desabrigados passaram a noite em uma igreja da região, mas a prefeitura sinalizou que eles seriam transferidos.

Após essa primeira fase, ainda segundo a prefeitura, os desabrigados poderão se cadastrar em programas habitacionais e receber o auxílio aluguel temporário. Na manhã desta terça, caminhões continuavam disponíveis para os desabrigados levarem seus pertences para um depósito cedido pelo município. De acordo com a assessoria de imprensa da subprefeitura de Santo Amaro, além da alimentação fornecida aos moradores, na manhã de hoje começaram a chegar as primeiras doações.

No início da manhã ainda era possível ver fumaça em algumas partes da favela, que teve 290 moradias destruídas pelas chamas. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), apenas a rua Cristóvão Pereira continuava bloqueada. A rua serve de acesso para a favela para quem vem da avenida Jornalista Roberto Marinho, uma das principais vias da região.

O incêndio

Informações preliminares da subprefeitura de Santo Amaro são de que o incêndio teria começado por volta das 14h45 em um lixão que fica dentro da comunidade e seria utilizado para depósito de material reciclável de catadores que moram no local. A favela tem 12.000 m², sendo que 4.500 m² foram atingidos.O fogo se concentrou na comunidade do morro do Piolho entre as ruas Cristóvão Pereira, Xavier Gouveia e Sônia Ribeiro. Além das 30 viaturas e 90 homens do Corpo de Bombeiros, o helicóptero Águia da Polícia Militar também foi deslocado para o local do incêndio.

Segundo os bombeiros, ficaram feridos no incêndio uma grávida que sofreu intoxicação ao inalar fumaça, um adolescente com queimaduras de primeiro e segundo graus, um homem que fraturou a perna ao cair de uma laje e uma quarta vítima ainda não identificada.

Este é o 32º incêndio registrado em favelas da capital paulista desde janeiro deste ano. Em 2008, o Corpo de Bombeiros registrou 130 ocorrências e, em 2009, 122. Já no ano de 2010, 91 incêndios foram combatidos, enquanto, em 2011, houve 79 casos registrados.

Fonte: Terra
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