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Polícia

Desarticulado esquema de jogo do bicho e corrupção policial no Rio

29 ago 2012 - 08h25
(atualizado às 12h38)
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Uma operação da Subsecretaria de Inteligência do RJ, deflagrada na manhã desta quarta-feira, busca acabar com uma organização criminosa que domina o jogo do bicho na região da Central do Brasil, em partes do Centro e no bairro de São Cristóvão, na capital. Além da prisão de 15 contraventores, os agentes buscam prender nove policiais, civis e militares - cinco deles na ativa -, envolvidos num esquema que pagava propina de R$ 30 mil por mês.

Operação Catedral apreende armas e relógios além de expedir 24 mandados de prisão
Operação Catedral apreende armas e relógios além de expedir 24 mandados de prisão
Foto: Fernando Alvim / Futura Press

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Segundo a Secretaria de Segurança do Estado, a Operação Catedral é resultado de sete meses de investigação. Ao todo, foram expedidos 24 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão. Um dos locais onde a polícia cumpre os mandados é a Central de Apuração de Resultados do Jogo do Bicho, na rua Senador Dantas, centro do Rio. Os presos serão indiciados e denunciados por exploração do jogo do bicho, formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva e violação de sigilo funcional.

Os policiais envolvidos no esquema possuem patente: o capitão chefe do Serviço Reservado do 5º Batalhão da PM; o chefe do Setor de Investigações da 4ª Delegacia Policial; além de dois sargentos da PM que são supervisores de graduados da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência. Entre os procurados, também está o bicheiro Evandro Machado dos Santos, conhecido como Bedeu e seu filho Alessandro Ferreira dos Santos.

Funcionamento da organização

De acordo com as investigações, o grupo comandado por Bedeu detinha o domínio do jogo do bicho em grande parte do Centro (Central, ruas Uruguaiana e Rosário e largo da Carioca) e de São Cristóvão, comprovando a divisão territorial existente entre os diversos grupos integrantes da chamada "máfia da contravenção" na cidade do Rio de Janeiro.

As investigações comprovaram que o esquema contava com uma complexa rede de integrantes de uma estrutura de divisão de tarefas bem montada. Funcionando como uma empresa do crime, a organização tinha divisões financeira e administrativa e assessoria jurídica externa, afirma a Subsecretaria de Inteligência. Com um faturamento mensal em torno de R$ 170 mil, a organização fazia pagamentos de cerca de R$ 30 mil em propinas para os policiais civis e militares envolvidos.

O primeiro envolvimento de policiais com o jogo do bicho na região da Central do Brasil foi identificado em 2006, culminando com a expulsão dos quadros da Polícia Civil da delegada titular da 4ª DP. Ela era acusada de envolvimento com a contravenção e prática do crime de tortura a mando de contraventores, de acordo com investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).

A atual organização criminosa contava também com policiais em seu corpo de seguranças, os quais, além da proteção dos pontos de exploração da jogatina ilegal e da segurança dos chefes da organização, eram responsáveis pelo vazamento de informações relativas a operações policiais que seriam realizadas.

Comandando a quadrilha com mãos de ferro, Bedeu e seu filho Alessandro ostentavam estilo de vida de alto padrão, morando em mansões em área nobre da cidade, com carros importados e até um iate, revelam as investigações. Os monitoramentos da polícia apontaram ligações entre diversas famílias de contraventores no Rio de Janeiro, a divisão territorial dos pontos de exploração dos jogos ilegais na cidade e o estreito relacionamento entre as organizações.

Fonte: Terra
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