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Polícia

Crianças são vítimas de mais da metade dos estupros no RJ

14 ago 2012 - 15h51
(atualizado às 16h03)
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Mônica Garcia
Direto do Rio de Janeiro

Um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ) revela que as meninas com até 14 anos representam mais da metade (53,6%) das mulheres vítimas de estupro no Estado. Elas são responsáveis por 82,6% das denunciantes.

Os dados estão na sétima edição do Dossiê Mulher, e correspondem ao ano de 2011. Segundo o documento, todos os índices de violência contra a mulher no RJ aumentaram em comparação ao último dossiê, divulgado em abril do ano passado.

Para a major da Polícia Militar Claudia Moraes, é preciso mudanças dentro do ambiente familiar, para que crimes contra vulneráveis (crianças) não aconteçam mais. "Precisamos implementar mudanças dentro das famílias, para que esses crimes não ocorram. As crianças sempre deixam sinais de que algo não está bem. Com a vida moderna, as mães estão trabalhando e chegando tarde em casa, por isso é preciso ter um olhar mais atento às mudanças de comportamento, que geralmente essas crianças apresentam", disse a major.

O dossiê também denuncia que as mulheres fluminenses continuam sofrendo com a violência, principalmente no espaço doméstico e familiar. Do total de denúncias de estupros, 70,9% sofreram esse tipo de crime, em seu próprio ambiente de convívio.

Em 2011, o relatório apresentou um aumento significativo nos casos de estupro, 25% (4.589 mulheres foram vítimas dessa violência). Já este ano, o aumento foi de 7,2%. Embora inferior ao ano anterior, os números absolutos aumentaram em relação ao dossiê 2010 e passaram para 4.871 mulheres estupradas no Estado.

Outro dado que chama atenção é o número de homicídios dolosos de mulheres no Rio de Janeiro. Enquanto a taxa geral desse crime caiu 11% em todo o Estado, o de mulheres assassinadas aumentou em 1,3%, totalizando 303 vítimas em 2011, com uma de 25 mulheres mortas por mês. Embora os homens sejam as principais vítimas desse crime, o aumento de mulheres assassinadas vem aumentando.

A região de Nova Iguaçu foi a que apresentou o maior número de casos na região metropolitana. E o maior aumento de homicídios aconteceu na região de Campos dos Goytacazes, no interior do Estado, que abrange os municípios de Itaboraí e Campos. Segundo o Coronel da Polícia Militar Paulo Teixeira é preciso um estudo mais elaborado para entender o aumento desse crime no interior do Rio de Janeiro.

"Temos observado o aumento de mulheres nas atividades criminosas. Portanto, para afirmar se esses aumentos têm a ver com casos de violência doméstica, ou não, é preciso um estudo mais aprofundado" afirmou Teixeira.

Número de ameaças foi o que mais cresceu em 2011

A ameaça contra a mulher é considerada, em muitos casos, como a primeira forma de agressão e a porta para que delitos mais graves venham a ocorrer. Este crime foi o que mais aumentou com relação a 2010, 8,6%, uma média de 147 vítimas por dia, totalizando 54.253 denúncias no ano. Quase metade das mulheres (49,4%) tinha o companheiro ou o ex-companheiro como provável autor do delito. Em 60,1% dos casos, elas foram vítimas desse delito dentro do ambiente familiar.

Além do estupro, dos homicídios dolosos e das ameaças, o dossiê leva em conta outros crimes cometidos contra as mulheres. Entre eles está a lesão corporal, que teve um aumento de 7,2%, com mais de 3.644 vítimas, e a tentativa de homicídio, com crescimento de 2,3% em relação a 2010, quando 16% das vítimas eram do sexo feminino e 51,6% delas conheciam os acusados.

Novidades no Dossiê Mulher 2011

O Dossiê Mulher foi criado em 2006 e seu principal objetivo é destacar a importância da produção e divulgação de estatísticas consistentes sobre a violência contra a mulher no Rio de Janeiro. Ele serve como uma importante ferramenta viabilizadora de políticas públicas na área.

Esse ano, o documento traz duas novidades: a análise por taxas de 10 mil mulheres (de acordo com o censo do IBGE de 2011) e os mapas temáticos que possibilitam localizar as Delegacias Especializadas no Atendimento a Mulher (Deam), bem como os Juizados da Violência Doméstica e Familiar em funcionamento no Estado. Com os novos mapas, pode-se observar que nos locais onde existem Deam o número de vítimas é mais expressivo, o que permite deduzir que as mulheres registrar mais os casos quando há a presença do atendimento especializado.

Segundo o Dossiê Mulher, todos os índices de violência contra a mulher no RJ aumentaram
Segundo o Dossiê Mulher, todos os índices de violência contra a mulher no RJ aumentaram
Foto: Mônica Garcia / Especial para Terra
Fonte: Especial para Terra
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