PR: acordo tenta diminuir problemas com greve no Hospital de Clínicas
- Joyce Carvalho
- Direto de Curitiba
O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná para esta terça-feira o remanejamento de sete profissionais do Hospital de Clínicas, vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR), para o setor de Transplante de Medula Óssea. Foi feito um acordo entre MPF, a direção do hospital e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest), que deve indicar enfermeiros para a área.
A medida visa diminuir os impactos causados no atendimento por causa da greve de servidores técnico-administrativos da UFPR, parados desde o dia 11 de junho. O setor de Transplante de Medula Óssea, referência na América Latina, está sem seis enfermeiros no período da manhã e um durante a noite. Apesar da pouca quantidade, a falta destes profissionais é suficiente para causar problemas na escala de trabalho, o que piora com o prolongamento da paralisação. O MPF informou que pode tomar medidas judiciais caso o acordo não seja cumprido.
Segundo a assessoria de imprensa do Hospital de Clínicas, no setor de transplante de medula óssea estão funcionando oito leitos, sendo quatro para adultos e quatro para crianças. A quantidade de leitos chegava a 14 antes da greve. O setor atende pacientes com leucemia e outras doenças da medula óssea. Há uma fila de espera de 34 adultos e 25 crianças, que já possuem doadores, e precisam passar pelo transplante. Há procedimentos que estão sendo adiados por conta da falta de pessoal.
O Hospital de Clínicas também tem outros setores com problemas em virtude da greve. Há leitos bloqueados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos, na UTI Neonatal e na unidade semi-intensiva. Casos de urgência e emergência encaminhados para o Hospital de Clínicas por meio da rede pública de saúde são direcionados para outros hospitais. Esta medida já é tomada quando há lotação nas unidades. O HC divulgou que deixaram de ser feitos, desde 11 de junho, 28.700 exames de imagem e de laboratório, além de 19.917 consultas que dependiam dos resultados.
O movimento grevista
Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais aumentaram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias estão em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o movimento atinge 28 órgãos, com 370 mil servidores sem trabalhar. O número, no entanto, é contestado pelo governo.
Estão em greve servidores da Polícia Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.
O Ministério do Planejamento declarou que está analisando qual o "espaço orçamentário" para negociar com as categorias. O governo tem até o dia 31 de agosto para enviar o projeto de lei orçamentária ao Congresso Nacional. O texto deve conter a previsão de gastos para 2013.
No dia 25 de julho, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto para permitir a continuidade dos serviços em áreas consideradas delicadas. O texto prevê que ministros que comandam setores em greve possam diminuir a burocracia para dar agilidade a alguns processos, além de fechar parcerias com Estados e municípios para substituir os funcionários parados.