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Votação de MP do Código Florestal desagrada ambientalistas

8 ago 2012 - 19h02
(atualizado às 23h00)
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A primeira votação de destaques à Medida Provisória (MP) do Código Florestal deixou a bancada ambientalista insatisfeita. Isso porque a comissão mista que analisa as propostas de emendas ao texto enviado pelo governo aprovou a inclusão no projeto de destaque que acaba com as áreas de preservação permanente (APPs) em rios não perenes.

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Foto: Terra

Assim, os rios que não são permanentes, que secam durante determinado período do ano, não precisarão mais ter as margens preservadas. Para o senador Jorge Viana (PT-AC), que relatou o projeto do código no Senado, essa emenda trata da metade dos rios do País.

"É a mais desastrosa votação que eu já vi para a lei ambiental brasileira. Metade dos rios vai ficar sem proteção e isso compromete toda a rede hidroviária. Os rios não perenes são os pequenos ou as nascentes. Eles secam durante um período do ano e depois, quando chove, voltam a encher e desaguam nos rios perenes. Se eles não forem preservados, todos os outros estão em risco. É de uma irresponsabilidade alarmante", disse Viana.

Os ruralistas, no entanto, negam que o efeito da não preservação em rios não permanentes signifique o fim desses rios. "Se fosse assim, a Europa não tinha uma gota d'água, porque lá não existe área de preservação. A relação não é direta assim: não tem árvore, não tem água", declarou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), um dos principais nomes da bancada ruralista.

Ela admite, contudo, que a decisão sobre as áreas de preservação permanente nos rios que secam durante um período do ano seria diferente se fosse tomada pelos Estados. Na opinião da senadora, foi um erro o governo manter no Código Florestal a prerrogativa de o Congresso Nacional decidir sobre as APPs. "É mais uma prova de que essas questões deveriam ter ido para os Estados. Se tivesse ido, nada disso teria acontecido. É muita soberba e realeza querer discutir APP no Congresso Nacional", disse a senadora.

Além desse destaque, os ruralistas também ganharam a batalha em outra emenda que tratava das áreas de pousio - áreas que ficam esgotadas após um tempo de agricultura ou pastagem e acabam sem uso durante um tempo. O relator da MP, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), incluíra em seu parecer essas áreas no percentual de reserva legal das propriedades por um período máximo de cinco anos e observado o limite de até 25% da propriedade.

A bancada ruralista, no entanto, conseguiu retirar o trecho que trata da área máxima, mas manteve o prazo até cinco anos. Após esse período, se a recomposição florestal naquele pedaço de terra da propriedade não tiver ocorrido naturalmente, o produtor não poderá mais contá-lo como reserva legal.

Além desses dois pontos, mais três emendas foram votadas. Uma delas propunha retirar do texto a definição de áreas úmidas, como o Pantanal, e foi rejeitada. Outra que propunha excluir a definição de áreas abandonadas foi aprovada. Os parlamentares aprovaram ainda emenda que incluiu a definição de créditos de carbono. Os membros da comissão mista especial voltam a se reunir amanhã para votar mais 28 destaques à matéria. Hoje, mais de 300 emendas à MP foram rejeitadas em bloco.

Agência Brasil Agência Brasil
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