Em bilhete, preso por matar família diz que traição teria fim trágico

Fernando Diniz

Direto de Porto Alegre

Um bilhete apreendido na casa onde Márcia Calixto Carnetti, 39 anos, e seu filho Mateus, 5 anos, foram encontrados mortos confirma que o ciúme motivou o bioquímico Ênio Luiz Carnetti, 46 anos, a cometer o crime, informou a Polícia Civil. Em um dos textos, o autor afirma que se Márcia lhe colocasse "guampa" (regionalismo para "colocar chifre"), o fim seria trágico.

Os corpos de Márcia e Mateus foram encontrados na manhã de quinta-feira pela Polícia Militar na casa em que moravam, em um condomínio fechado no bairro Tristeza, em Porto Alegre. Os cadáveres apresentavam marcas de facada no peito. Ênio foi preso depois de pular de uma ponte na BR-290, na região metropolitana da capital gaúcha. Ele foi levado sob custódia para o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.

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O bilhete que fala da traição é endereçado para uma mulher identificada apenas como Deise, que trabalhava na casa do casal. Na carta, Ênio cita e-mails que conseguiu rastrear do computador de Márcia, que sugeriam um relacionamento extraconjugal. "Divulga para todo mundo ver que Márcia era uma traidora. (...) Se ela me colocasse guampa, o fim seria trágico", afirma o texto, segundo a polícia.

A funcionária foi ouvida pela polícia nesta sexta-feira e confirmou ao delegado Cléber Lima, da Delegacia de Homicídios, que Márcia relatou ter sofrido ameaças de morte do marido. "O depoimento comprova que a vítima estava sendo ameaçada por um marido com um ciúme doentio, que se intensificou nas últimas semanas. Para mim, o caso está resolvido", afirma Lima. Deise saiu de férias no último dia 19, dia em que conversou com Márcia pela última vez.

Ênio, que já teve a prisão preventiva decretada, ainda não prestou depoimento à polícia. Transtornado, disse informalmente no hospital ter feito "uma cagad...". A eventualidade de ser preso foi a motivação da morte do filho do casal, segundo outro bilhete deixado na casa. "Destruí toda minha família, se eu for preso, o Mateus vai sofrer. Então é melhor assim", diz o texto.

Outra carta é endereçada para o pai do suspeito: "Pai, tu é o melhor pai do mundo, mas estou indo para onde está a mãe". "Esses bilhetes foram deixados como uma forma de despedida, porque ele achou que ia se matar", explica o delegado Cléber Lima.