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OAB: Exército forjou laudo na ditadura para torturar adolescente

18 jul 2012 - 12h32
(atualizado às 12h44)
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Preso político durante o regime militar, César Benjamin contou em depoimento à Comissão da Verdade da OAB do Rio de Janeiro (OAB-RJ) como um laudo assinado por um psiquiatra do Exército foi usado pela Justiça Militar para comprovar a sua maioridade em 1971, apesar dele ter 17 anos na época.

O laudo, de autoria do tenente-médico Leuzzi, atestava que sua idade mental era de 35 anos. A Justiça Militar aceitou o documento como prova de maioridade e, com base nisso, passou a condená-lo por integrar uma organização clandestina e de ter participado de ações armadas.

César passou cinco anos preso. Foi solto nove meses depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) não aceitou a suposta prova de maioridade, em janeiro de 1976. Preso em 31 de agosto de 1970 em Salvador, Bahia, César denuncia que foi torturado inicialmente em quartéis militares da capital baiana.

Mais tarde, no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio, situado no interior do I Batalhão da Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, ele conta que foi mantido durante vários dias sem dormir, sem comer e sem água, numa cela minúscula a baixíssimas temperaturas, com ruídos altos de turbina de avião e sons distorcidos de guitarra elétrica. Só era retirado dessa cela, chamada de "geladeira" pelos militares, para ser interrogado. Hoje César tem problemas de audição e usa aparelho para surdez.

Ele foi solto por uma ordem direta do general Ernesto Geisel, que ocupava a Presidência da República, com uma condição: que viajasse imediatamente para o exterior. Assim, retirado do presídio por uma equipe da Polícia Federal, foi levado para um avião no qual embarcou para a Suécia, que já tinha lhe dado asilo político.

O depoimento de César foi gravado em vídeo e em áudio e vai ser repassado à Comissão Nacional da Verdade.

Fonte: Terra
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