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Veterano de 32: o ideal contra qualquer regime militar permanece

9 jul 2012 - 06h32
(atualizado às 12h19)
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Rose Mary de Souza
Direto de Campinas

Paulo Barros Camargo tem 96 anos, se locomove com dificuldade em cadeiras de rodas e perdeu um pouco a audição, mas lembra com grande lucidez e emoção os momentos vividos durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Naquela época, ele era estudante e se alistou para lutar "contra Getúlio, que era um ditador". Sobre o que restou após tantas décadas, ele é enfático: "o ideal de São Paulo contra qualquer regime militar".

O Veterano guarda a história da Revolução nas paredes de sua casa, em Campinas
O Veterano guarda a história da Revolução nas paredes de sua casa, em Campinas
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

Relembre dos eventos que marcaram a revolução de 1932

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Durante a batalha contra os federais, ele ficou na posição de retaguarda e supervisionava o policiamento da cadeia, as entradas da cidade e o destacamento em Limeira, interior de São Paulo. Passados 80 anos daquele feito, o veterano é um dos poucos revolucionários de 32 que ainda consegue contar sobre o levante, seus ideais, lutas e vitórias.

Na sua residência em Campinas, compartilhada com duas filhas e um neto, o eterno revolucionário guarda milhares de lembranças expostas em quase todas as paredes da casa. São em sua grande maioria relíquias de uma fase da história de São Paulo que falam por si: documentos, certificados, medalhas, troféus, artigos de guerra, espadas, adagas, retratos, escudos, imagens de heróis e santos, uma infinidades de objetos que representam o personagem que ali mora e que ajudou a mudar o curso de uma época.

Terra: O senhor acha que o Brasil precisa de revolucionários nos dias atuais? Para pedir mudanças na política, na área empresarial, em todos os setores da sociedade moderna?

Paulo Barros Camargo: Precisar não precisa. Aconteceu que ele (o Brasil) estava em uma situação de necessidade. Estava em uma situação assim: o Getúlio era um ditador, estava em uma ditadura militar. Portanto os paulistas se levantaram contra isso, foi uma coisa ocasional. São Paulo se levantou contra Getúlio, que era um ditador, que tinha posto o Brasil fora da Constituição, agindo como um ditador, e São Paulo não se conformava com isso.

Isso tudo que aconteceu ainda se reflete nos dias atuais?

É claro que o ideal permaneceu até hoje, que é São Paulo contra qualquer regime militar.

Que lembrança o senhor guarda de mais forte, boa ou ruim?

A situação foi sempre de boa lembrança. Estávamos com aquela vontade de repor o Brasil nos trâmites legais. Portanto São Paulo estava com vontade de combater o Getúlio.

O que o senhor fazia quando estourou a Revolução de 1932?

Quando estourou a Revolução de 32, eu estava fazendo o ginásio (antigo Ensino Médio). Então eu me alistei no batalhão para combater a ditadura, mas fui dispensado para ficar com o policiamento, para ficar na retaguarda.

Retaguarda?

Para todo o policiamento de retaguarda que fosse necessário para a época.

Em quantos vocês eram ?

O batalhão era grande, éramos em 30 e tantos participantes.

O senhor gostaria de ter participado da frente de batalha?

Se fosse necessário eu iria, mas eu estava fazendo um serviço que é importante em qualquer levante.

Agora que faz 80 anos da Revolução de 1932, qual que é a emoção que o senhor sente de ter participado de tudo aquilo?

A gente manteve todo aquele ideal renovando, o sentimento de patriotismo.

O senhor recebe muitas homenagens, é sempre lembrado. Como é lidar com isso depois de tanto tempo?

Sempre vem alguém que quer saber sobre a data e prestar homenagens, escutar falar daquilo, principalmente agora. Esse ano cresceu o interesse em reviver o 32. Agora mesmo, no dia 9 de julho, vai ser uma grande festa.

Fonte: Especial para Terra
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