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Idosa retida em Madri: Brasil barrar espanhóis 'é sucesso'

27 jun 2012 - 06h31
(atualizado às 07h27)
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Isadora Gasparin

Por três dias e três noites Dionísia Rosa da Silva, 77 anos, esperou em uma sala do aeroporto de Barajas, em Madri, sem saber se entraria em território espanhol ou seria mandada de volta ao Brasil. Sozinha e com dores na coluna, a moradora do interior de São Paulo lembra de ter chorado ao telefone ao falar com a família, que vive na Espanha, sobre a impossibilidade de deixar o terminal para encontrá-los, já que sua documentação estava incompleta. Três meses depois da retenção, ela elogia a decisão do Brasil de endurecer, como medida de reciprocidade, a entrada de espanhóis no País. "É sucesso. Pelo lógico, eles também têm que ser castigados", disse ao Terra.

Dionísia partiu de São Paulo com a neta em março, para visitar por dois meses a filha e o genro, que moram na Espanha com os filhos. Ao passar pela imigração, a idosa apresentou passagem de volta e foi questionada sobre reservas em hotéis. A neta, então, afirmou que ela ficaria em sua casa. Sem carta-convite de um residente do país, Dionísia foi impedida de sair do terminal até ser embarcada em um voo de volta, três dias depois. "É uma prisão mesmo. Não deveria ser permitido fazer isso com uma pessoa de idade", disse, queixando-se de dor nas costas - mas logo acrescentando que, fora isso, faz de tudo.

Em resposta a mais um episódio de cidadão brasileiro barrado na Espanha, o Brasil adotou, em abril, uma medida de reciprocidade e passou a exigir dos espanhóis que desembarcam em território brasileiro passaporte com mais de seis meses de validade, passagem de volta comprada, reservas em hotel ou carta-convite registrada em cartório. Só no mês do endurecimento das exigências foram 31 espanhóis barrados - no primeiro trimestre, foram 52. A título de comparação, em 2011 foram 120 espanhóis barrados no Brasil, contra 1.402 brasileiros impedidos de entrar na Espanha.

Sobre voltar à Espanha, Dionísia é decidida. "Eu não quero. Fazer o que lá? Eu fui porque a minha neta insistiu muito. Mas fui sabendo que eu ia voltar. Eu falei 'creio que não vou ficar, está faltando algo'. Era a carta". Agora, a idosa espera ansiosa o retorno da família. Sem emprego, os familiares pretendem deixar a Espanha em crise no final do ano. Apesar da experiência ruim no país europeu, a idosa ainda tem vontade de viajar - só que não para tão longe. "Eu quero ir para a Bahia".

Fonte: Terra
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