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Política

Blindagem não permite investigação de Cabral no Rio

18 mai 2012 - 18h51
(atualizado às 19h17)
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Cirilo Junior
Direto do Rio de Janeiro

Com o apoio maciço da maior parte da bancada de deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o governador Sérgio Cabral (PMDB) segue "blindado" no Estado, apesar das denúncias de relações próximas com o dono da Delta Construtora, Fernando Cavendish. A empresa é suspeita de participar do esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Pelo menos dois pedidos de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as relações de Cabral com a Delta não foram em frente por falta de quórum suficiente. Para abrir uma investigação na Alerj são necessárias 24 assinaturas. O pedido mais recente, do deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), colheu 16 assinaturas.

Cachoeira, o bicheiro que abalou o Brasil

Dos 70 deputados da Alerj, 56 fazem parte da base aliada do governo, o que garante maioria tranquila para Cabral dentro do parlamento fluminense, que foi presidido pelo atual governador até 2001. Desde então, somente aliados de Cabral vêm comandando a Casa. O atual presidente da Alerj, Paulo Mello, é do PMDB, e fazia parte da tropa de choque do então deputado estadual Sérgio Cabral.

Além dos pedidos frustrados para investigar a Delta, a oposição não consegue também obter a relação das viagens feitas pelo governador desde que assumiu o cargo, em 2007. Uma dessas viagens, para Paris, em 2009, teve fotos e vídeos revelados no mês passado pelo blog do deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ), e mostram Cabral e secretários jantando com Cavendish em um restaurante de luxo. Os deputados Paulo Ramos (PDT), Clarissa Garotinho (PR) e Luís Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) já fizeram requerimentos à mesa diretora da Alerj, mas não obtiveram qualquer retorno.

"Venho fazendo pedidos sobre a viagem do governador desde 2008, e não obtive qualquer resposta. Não há nenhuma transparência", critica o deputado Paulo Ramos, que atua em oposição a Cabral, embora seu partido faça parte da base de sustentação do governo.

"Os deputados de oposição têm pedido tudo, mas a blindagem é muito forte", afirma Corrêa da Rocha, que protocolou na Mesa Diretora da Alerj informações sobre o livro de transmissão de cargo do governador para o vice.

O parlamentar tucano ressalta que a constituição estadual determina que o governador, ao retornar de uma viagem, tem que entregar um relatório sobre as atividades feitas no deslocamento. Corrêa da Rocha vai entregar pedido para obter esses relatórios.

Ontem, o SBT revelou troca de mensagens do deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) com Cabral. "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)", escreveu Vaccarezza a Cabral.

A mensagem, sugerindo apoio para que Cabral não seja convocado pela CPI do Cachoeira, indica que o PT vai atuar a favor de Cabral em Brasília. No Rio, o cenário não é muito diferente, já há muito tempo. Com duas secretarias no governo Cabral (Ambiente e Ação Social), o PT faz parte da base de sustentação do governo e também dá suporte à blindagem do governador na Alerj.

"Fiquei enternecido com aquela mensagem meiga, com aquela concordância de português perfeita do Vaccarezza", comentou Corrêa da Rocha.

Fonte: Terra
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