Greves no transporte e serviço público paralisam Campinas
- Rose Mary de Souza
- Direto de Campinas
Os motoristas e cobradores de ônibus de Campinas entraram em greve por aumento salarial à zero hora desta quarta-feira. A falta do serviço vai prejudicar cerca de 615 mil passageiros que são transportados diariamente em 202 linhas.
O quantitativo de ônibus em circulação hoje foi de 6%, contrariando o patamar exigido pelo Tribunal Regional do Trabalho (15ª Região) para o primeiro dia de greve. A conta é da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), que registrou a operação de 66 veículos.
De acordo com determinação do TRT, os grevistas precisariam colocar nas ruas 70% da frota no período de pico: 7h às 9h e das 17h às 19h. Para os demais horários, o contingente deveria ser de 50%. A desobediência pode custar uma multa diária de R$ 20 mil ao Sindicato dos Transportes Rodoviários.
A Associação das Empresas do Transportes Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) e a Emdec devem protocolar um comunicado junto ao TRT informando o descumprimento do dispositivo. As duas entidades também pediram o adiantamento da audiência de conciliação que está agendada para a próxima segunda-feira. O Sindicato dos Transportes Rodoviários da Região de Campinas informou que está seguindo a determinação do Tribunal.
Com a redução significativa dos ônibus, a população se viu obrigada a utilizar outros meios de locomoção. Desde as primeiras horas da manhã, era grande o fluxo de veículos de passeio nas principais vias e corredores da cidade. Era grande também o tempo de espera pelo transporte alternativo das vans que operam normalmente. As vias exclusivas para os coletivos foram liberadas para os demais veículos.
A Emdec montou um esquema especial nas ruas para garantir maior fluidez ao trânsito e minimizar os transtornos à população. Os terminais rodoviários permanecerão fechados enquanto durar a greve. A entidade vai remanejar a frota do transporte alternativo e, caso necessário, criará um comboio de ônibus com escolta da Guarda Municipal e PM.
A categoria é formada por cinco mil funcionários que pedem 15% de reajuste nos salários e no vale-alimentação, além de maior participação nos lucros da empresa. O piso salarial do motorista é de R$ 1.630. O piso do cobrador é de R$ 716. A data base é 1º de maio.
Ontem, os funcionários da VB Transportes, uma das cinco empresas concessionárias da cidade, se desentenderam com sindicalistas e não retiraram os ônibus da garagem, afetando 160 mil passageiros. Houve um principio de tumulto, a Polícia Militar foi chamada e a empresa anunciou a demissão de 12 funcionários no final da tarde.
Prefeitura em greve
Os servidores da prefeitura rejeitaram a contra proposta de 5,39% de aumento oferecida pela Secretaria de Recursos Humanos e decidiram continuar a greve iniciada no sábado. Os funcionários públicos pedem 13,18% de reajuste, que inclui os 8% das perdas acumuladas em anos anteriores.
Nesta segunda e terça-feira, mesmo com chuva e temperaturas baixas, os servidores se concentraram nas escadarias do Palácio dos Jequitibás, sede da prefeitura. No protesto, eles usaram carro de som, estenderam faixas e saíram em passeata pelas ruas do centro da cidade.
Segundo a prefeitura, a adesão à paralisação é de 28%, sendo que o setor mais afetado é o da educação, com 64% de interrupção nos serviços. Em nota, o governo municipal informou que está impedido de oferecer maior índice de reajuste porque 2012 é um ano eleitoral.
De acordo com a administração, 5,39% refere-se ao Índice do Custo de Vida (IVC) do Diesse, nos últimos 12 meses. Se aplicado aos vencimentos, o piso da categoria ficaria em R$ 1.075,79, e o auxílio-alimentação passaria dos R$ 480 para R$ 505. "Oferecemos o limite do que nos permite a Lei Eleitoral, que é clara ao afirmar que em ano eleitoral o reajuste não pode ser superior ao índice da inflação", argumentou o secretário de Recursos Humanos, Nilson Balbo.