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CPI do Cachoeira

Silêncio de Cachoeira não atrapalha CPI, diz presidente

14 mai 2012 - 18h55
(atualizado em 15/5/2012 às 18h29)
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

O depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) marcado para esta terça-feira é dos mais aguardados entre os parlamentares na tentativa de esclarecer a rede de contatos do contraventor. No entanto, por conta de manobras de seus advogados, Cachoeira pode não comparecer ao depoimento - caso o Supremo Tribunal Federal (STF) não conceda acesso aos documentos à defesa do acusado. Há, ainda, o risco de Cachoeira permanecer em silêncio durante todo o interrogatório.

Os deputados Anthony Garotinho e Carlos Sampaio conversam durante reunião da CPI mista do Cachoeira
Os deputados Anthony Garotinho e Carlos Sampaio conversam durante reunião da CPI mista do Cachoeira
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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Mas, segundo o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a ausência ou o silêncio do bicheiro na comissão não devem atrapalhar o andamento dos trabalhos. "Deve alterar o cronograma se ele não depuser, mas o plano de trabalho deverá sofrer os ajustes necessários. Não altera negativamente. O relator está com um norte muito bem posicionado depois dos depoimentos dos delegados e o depoimento do acusado é importante, mas certamente o relator já tem os planos alternativos para o caso de ele exercer suas garantias de ficar calado ou de o Supremo decidir liberando da sua presença aqui", disse o senador.

Caso Cachoeira não compareça ao depoimento por decisão da Suprema Corte, Vital planeja antecipar a reunião administrativa marcada para a próxima quinta-feira, onde os parlamentares devem votar requerimentos - incluindo a quebra do sigilo telefônico da subprocuradora geral da República, Cláudia Sampaio, também mulher do procurador geral da República, Roberto Gurgel. Cláudia é acusada de omissão ao receber o inquérito da Polícia Federal sobre a operação Vegas, em 2009.

O líder do governo no Senado, Valter Pinheiro (PT-BA), disse que a comissão poderá decidir por não convocar o procurador geral nem governadores citados nas gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal.

"Vamos trabalhar com o cruzamento de dados. Não é problema de mandar explicações por escrito ou vir, estamos aguardando o cruzamento de informações e, a partir disso, pode ser até que não precise vir procurador nem governador. Podemos encaminhar as informações diretamente para instâncias que os julgam para que possam se posicionar a partir dos elementos que temos", afirmou.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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