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Política

Ex-ministro do STF vê denúncias de corrupção com otimismo

1 mai 2012 - 21h20
(atualizado às 21h26)
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Em meio à enxurrada de denúncias envolvendo as relações do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira com entidades públicas e parlamentares, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Célio Borja afirmou que o trabalhador brasileiro deve enxergar com otimismo as denúncias envolvendo os governadores de Brasília, Goiás, Rio de Janeiro, além do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO, ex-DEM) e a empreiteira Delta. "Finalmente o país está tomando consciência do nível de imoralidade de seus parlamentares, que ferem a vida pública", disse nesta terça-feira.

Para Borja, o trabalhador deve comemorar a divulgação maciça dos indícios de corrupção e cobrar a apuração de cada uma delas. "Vejo a divulgação destas denúncias com muito otimismo, principalmente levando em conta que a prosperidade do País depende do trabalhador. O trabalhador deve acompanhar a vida pública, já que é essencial à nação e está no cerne do desenvolvimento do País, e cobrar seus parlamentares."

O ex-ministro também rechaçou a suspeita de que o senador Demóstenes Torres teria feito lobby junto ao ministro Mauro Campbell Marques, do STJ, em junho passado, durante o julgamento do presidente da Câmara de Vereadores de Anápolis (GO), suspeito de contratar servidor fantasma às custas dos cofres públicos. "Eu quando era ministro também recebia muita gente no meu gabinete. Ministros costumam receber qualquer um que os procure, quanto mais um senador. São pedidos de toda natureza. Daí a fazer o que nos pediram, é outra história", explicou ele. "Tudo deve ser apurado. Não dá para dizer que o Mauro Campbell Marques cedeu a uma suposta investida de Demóstenes."

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Jornal do Brasil Jornal do Brasil
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