PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Política

Cachoeira negociou compra de partido político, diz jornal

1 mai 2012 - 07h57
(atualizado às 09h00)
Compartilhar

O contraventor Carlinhos Cachoeira negociou a compra do controle de um partido político segundo as gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo. Uma sequência de diálogos ocorridas em 2011 faz referência ao negócio e cita o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o de um assessor do governador Agnelo Queiroz (PT-DF). No dia 6 de maio, Cachoeira conversa com Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran-GO, com quem havia jantado na noite anterior, junto com Perillo, na casa do senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM). "O partido que o Marconi falou ontem é o P de pato, R, P de pato?", pergunta Cachoeira, se referindo ao nanico PRP (Partido Republicano Progressista). Três dias após a conversa, Cachoeira fala com o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, apontado como araponga do grupo, que sugere contato com outro nanico, o PRTB. "Lá é o Levy Fidelix o presidente. Aí alguém tem que ligar lá para falar para ele vir a Brasília", diz Dadá. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

No mesmo dia, Cachoeira pede para o ex-vereador Wladimir Gacez, apontado pela PF como seu assessor direto, mandar mensagem "para o nosso maior", perguntando "se é bom pegar o PRTB". No dia 16, Dadá diz a Cachoeira que Levy Fidelix do PRTB, chegaria a Brasília para tratar do assunto. Um dia antes, porém, Cachoeira havia manifestado estar "de olho" no PRP e que o objetivo era "tomar o partido". O atual presidente da sigla em Goiás, Jorcelino Braga, se filiou à legenda em setembro, quatro meses após o diálogo. Em outra conversa, aparecem menções a valores a serem pagos a um partido, não identificado. Dadá informa que o valor teria aumentado, de R$ 200 mil para R$ 300 mil. "Que isso? Está roubando", reclama Cachoeira. Dadá diz que, feito o pagamento, Cachoeira poderia nomear o presidente estadual e, posteriormente, os diretórios municipais, ficando com o controle da sigla. Cachoeira diz para oferecer R$ 150 mil, podendo chegar a R$ 200 mil. Levy Fidelix negou encontro com qualquer um dos citados, já o presidente do PRP em Goiás, Jorcelino Braga, e Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo Queiroz, não foram encontrados pelo jornal.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade