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Política

Jornal: vídeos mostram ligação de Cachoeira com policiais

30 abr 2012 - 09h01
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Vídeos feitos pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo mostram as ligações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e policiais acusados de corrupção. No dia 3 de maio, o delegado Fernando Byron, apontado como um dos principais informantes de Cachoeira, prometeu assumir o controle de uma ação que seria realizada pela PF de Anápolis, em Goiás, para combater o jogo ilegal. No dia seguinte, Byron e cachoeira voltam a se falar e marcam um encontro. A polícia registrou o delegado deixando o carro de cachoeira e entrando no seu. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Outro que foi flagrado pelas câmeras da Polícia Federal foi o agente Anderson Drumond, que era chefe da Divisão de Serviços Gerais da PF e está afastado das funções, assim como o delegado Byron. O órgão dava apoio logístico às operações policiais com o fornecimento de viaturas e caminhões. A PF diz que Anderson tinha a função de informar o grupo de Cachoeira sobre operações e recebia R$ 5 mil mensais de Lenine, braço direito de Cachoeira. No dia 6 de junho de 2011, a PF filmou Anderson recebendo Lenine na sede da própria polícia, em Brasília. Em outra ocasião, a PF flagrou um encontro com a ex-servidora da prefeitura de Luziânia, Sônia Regina de Melo. O encontro que seria para uma possível entrega de propina foi marcado para uma igreja. A defesa de Cachoeira disse desconhecer os vídeos, os defensores do agente da PF afirmaram que os vídeos em que ele aparece "são retirados do contexto e não provam qualquer conduta criminosa". O jornal tentou entrar em contato com a servidora Sônia Regina de Melo e com Fernando Byron, mas não obteve resposta.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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