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Política

Jornal: Cachoeira mandou entregar dinheiro para Marconi Perillo

28 abr 2012 - 08h59
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O bicheiro Carlinhos Cachoeira orientou um de seus operadores a entregar dinheiro a um assessor do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), em julho de 2011. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal durante investigações sobre os negócios de Cachoeira mostram o contraventor tratando do assunto com o ex-vereador Wladimir Garcez, um de seus operadores. "É pro governador", disse Cachoeira. "Vamos lá pagar logo para ele no palácio lá. Chega lá, paga pro Jayme. Já manda ele levar o dinheiro, já entrega a chave aí pra ele, depois tira os trem que tem que tirar aqui", disse. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Jayme Rincon é um dos principais auxiliares de Perillo no governo de Goiás. Ao jornal, o governador negou ter feito negócios com Cachoeira, mas reconheceu que seu operador atuou como intermediário em uma transação imobiliária. Perillo afirma que vendeu um imóvel por R$ 1,4 milhão para outro empresário, Walter Paulo Santiago, que na campanha eleitoral de 2008 se candidatou a vereador em Goiânia e declarou à Justiça Eleitoral que não tinha renda nem patrimônio. Quem ocupava o imóvel desde a sua venda era o próprio Cachoeira, que estava na casa quando foi preso em fevereiro, acusado de explorar jogos ilegais e outros crimes. A PF interceptou 12 conversas entre Cachoeira e seus assessores na qual tratam do assunto. Perillo afirmou que não recebeu dinheiro nem nunca fez negócios com Cachoeira. Por meio de assessoria do governo, Rincon disse "repelir com firmeza todas as acusações".

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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