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Política

PF: Cachoeira pagou propina embrulhada em jornal a Leréia

26 abr 2012 - 06h37
(atualizado às 06h43)
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Parte do relatório da Polícia Federal, divulgada nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo, revela que o contraventor Carlinhos Cachoeira mandou entregar R$ 20 mil "embrulhados em jornal" para o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO). Na parte chamada "transações financeiras" do documento, a PF assinala que Cachoeira manda Geovani (Pereira da Silva), seu contador que está foragido, "passar dinheiro para o deputado Leréia, não sendo possível identificar a que título".

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Uma assessora do contraventor participa da conversa e informa que o dinheiro foi colocado em um "envelope quadrado". Procurada pelo jornal, assessoria de Leréia informou que ele estava reunido com seus advogados. Em outro trecho do relatório, a PF registra suposto recebimento de propina por parte do deputado e ator Stepan Nercessian (PPS-RJ). A ligação em questão durou um minuto e 41 segundos. Nela, Stepan pergunta a Leréia se "entregou a carta que ele mandou". "Cachoeira diz que é para Stepan olhar lá", anota o relatório da PF. "Falam de dinheiro que Stepan pediu a Cachoeira. Stepan conversa com Gil, prefeito de Nerópolis", diz o documento. O deputado Stepan Nercessian não foi localizado para comentar o caso.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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