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Política

Relator da CPI: Cachoeira será ouvido no momento adequado

24 abr 2012 - 20h04
(atualizado às 20h09)
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O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), afirmou nesta terça-feira que o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suposto líder de um esquema de exploração do jogo ilegal e pivô das investigações, será ouvido pelos parlamentares da CPI mista no momento "adequado". De acordo com Cunha, a primeira providência neste momento será garantir o acesso aos inquéritos sobre o contraventor. As informações são da Agência Câmara.

Cunha afirmou que a primeira medida que vai sugerir à CPI será a aprovação de um requerimento para que os parlamentares tenham acesso aos dois inquéritos que tratam das Operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), que se encontram no Supremo Tribunal Federal (STF). Essas operações investigaram as atividades ilegais de Cachoeira.

Segundo o deputado, a partir dessas informações é que será definido um cronograma de depoimentos na comissão. "Vamos começar pelos inquéritos da PF, que têm dados muito mais amplos do que as informações que saíram na imprensa", disse.

Veto às sub-relatorias

O presidente da CPI mista, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB ), e Odair Cunha afirmaram serem contrários à possibilidade de a comissão criar sub-relatorias para acelerar as investigações. Segundo o presidente, a criação de sub-relatorias poderia trazer alguns problemas, como "facilitar o vazamento" de documentos sigilosos que estão no STF.

O presidente também afirmou que vai debater com os integrantes da comissão a hipótese de suspender os trabalhos da CPI mista no período de recesso parlamentar e das eleições municipais. "Precisamos compatibilizar o calendário eleitoral com os trabalhos da CPMI. Devemos ter uma decisão madura sobre esse assunto", disse.

Os dois parlamentares rechaçaram a hipótese de a oposição, que tem menos representantes entre os integrantes do colegiado, ter menos espaço nas discussões. "O direito de voz será garantido pela presidência", disse Vital, enquanto Odair Cunha afirmou que todos os parlamentares terão acesso aos documentos e a mesma responsabilidade sobre eles. "Esse será um trabalho coletivo", disse Odair.

Vital afirmou que não pretende abandonar a função de relator da Lei Geral da Copa no Senado, mas Odair informou que vai pedir a saída da comissão de sindicância que investiga a participação de deputados no esquema de Cachoeira, por se tratar de um assunto semelhante ao da CPI e por não ter tempo para fazer os dois trabalhos.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

Fonte: Terra
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