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Polícia

PE: procurado corpo de criança que seria vítima de canibalismo

19 abr 2012 - 15h44
(atualizado às 15h49)
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Celso Calheiros
Direto do Recife

A Polícia Civil de Pernambuco realiza buscas para tentar encontrar os corpos de outras cinco supostas vítimas do trio preso na semana passada por suspeita de canibalismo. Uma delas é uma criança, que teria sido morta em Garanhuns, no agreste pernambucano. A suposta vítima é citada no livro Revelações de um esquizofrênico, escrito por Jorge Negromonte, um dos presos, e impresso em folhas de ofício.

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Segundo o material, que foi apreendido, a criança teria sido enterrada no "quarto do mal". A casa onde o trio vivia em Garanhuns foi depredada e incendiada por vizinhos logo após a prisão de Negromonte, sua mulher, Isabel Cristina Pires da Silveira, e a ex-mulher, Bruna Cristina Oliveira da Silva, e a descoberta de dois corpos enterrados no local. Os três viveriam um triângulo amoroso.

As investigações ocorrem em Garanhuns e em Olinda, na região metropolitana do Recife, onde os três moravam antes de se mudarem para o interior do Estado. As buscas na antiga residência dos suspeitos, que fica no bairro Ouro Preto, está prejudicada porque o imóvel foi cercado por repórteres e vizinhos. O caso foi repassado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por sua abrangência - um dos crimes pode ter ocorrido na Paraíba.

O enredo foi descoberto no dia 11, quando os suspeitos foram presos por causa do desaparecimento de Giselly Helena da Silva. A polícia chegou ao endereço depois de analisar as imagens da loja onde foram feitas compras utilizando o cartão de crédito da vítima.

Na casa, o delegado Wesley Fernando perguntou à criança de 5 anos apresentada como filha do casal se ela conhecia Giselly e mostrou uma foto da vítima. A menina disse que "o pai" a tinha matado e apontou para os policiais o local onde o corpo havia sido enterrado, no quintal. No buraco, também foram encontrados os restos de Alexandra da Silva Falcão, 20 anos, desaparecida desde o dia 12 de março.

Com a descoberta do livro escrito por Negromonte, os policiais compreenderam a gravidade dos crimes. Em Revelações de um esquizofrênico, ele escreve detalhes de como atraía as vítimas, deixava os corpos pendurados para perderem o sangue no boxe do banheiro, retirava a pele e cortava a carne para os três comerem em um "ritual de purificação", nas suas palavras. O suspeito também fala de esquizofrenia, sobre as vozes que ouve e sobre sua atividade sexual.

O destino da criança preocupa a juíza da Vara Regional da Infância e da Juventude em Garanhuns, Karla Peixoto Dantas. Ela aguarda o resultado de testes de DNA que foram solicitados para dois possíveis familiares, que se apresentaram na sexta-feira. Os laudos devem sair no final do mês.

Até a comprovação dos laços familiares com a criança, a menina permanece em um abrigo em Garanhuns. A suposição da polícia é que ela seja filha de Jéssica Camila Pereira, possivelmente vítima do trio. Jéssica tinha 22 anos quando foi dada como desaparecida, em 2008. Bruna Cristina assumiu a identidade de Jéssica e assim se apresentou para a polícia.

Ameaças e boatos

A família de Negromonte há tempos se afastou dele. Seu irmão pediu proteção à polícia depois de supostamente ter recebido uma ameaça. Informações da assessoria de comunicação da Polícia Civil são de que o delegado Paulo Berenguer, da DHPP, recebeu denúncia de ameaças feitas por um homem não identificado, que anunciou vingança e depois foi embora em uma moto.

Com a divulgação do caso, um suposto vídeo com uma encenação feita por Negromonte, seu irmão e Isabel anos atrás, caiu na internet. O acesso ao enredo, que trata de traição e canibalismo, é grande, mas a polícia não atesta a veracidade das imagens.

Hoje, a assessoria da Polícia Civil teve de negar que o prefeito de uma cidade da Paraíba tenha sido citado por Negromonte. Segundo a polícia, o suspeito não possuía agenda de contatos e evidências que poderiam servir de prova foram queimadas no incêndio provocado por vizinhos do trio.

Fonte: Especial para Terra
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