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Política

Senadores criticam lentidão do Conselho de Ética sobre Torres

2 abr 2012 - 21h43
(atualizado às 23h05)
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Os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Pedro Taques (PDT-MT) entraram nesta segunda-feira com pedido para que a Comissão de Ética do Senado agilize a análise da representação apresentada na semana passada pelo Psol contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Os três senadores disseram ter tomado conhecimento pela imprensa de que o conselho só irá se reunir no dia 10 de abril para eleger um novo presidente. O senador Jayme Campos (DEM-TO) está no cargo interinamente, mas já se declarou impossibilitado de conduzir um processo para investigar Torres por ser colega de partido. Para Rodrigues, Ana Amélia e Taques, não parece razoável que o conselho leve tanto tempo apenas para escolher um presidente, antes de decidir se irá aceitar ou não o processo para investigar o senador do DEM.

"Diante de tantas denúncias, não nos parece razoável que fato de tamanha gravidade, que coloca em xeque a imagem desta Casa, tenha sua apreciação iniciada tanto tempo após a provocação a este conselho. Tal fato acaba por criar, desnecessariamente, dúvida na opinião pública quanto à disposição do Senado Federal em iniciar as investigações", alegam os três senadores no documento apresentado hoje na comissão.

A representação apresentada pelo Psol no dia 28 de março pede que o senador seja investigado pelo Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar em função de seu envolvimento com o empresário Carlos Ramos, o Carlinhos Cacheira.

Demóstenes foi flagrado pela Polícia Federal em conversas telefônicas com Cachoeira e admitiu que recebeu presentes de casamento do empresário no valor de R$ 30 mil. Outras conversas divulgadas pela imprensa apontam ainda o senador e Cachoeira tratando da relatoria de projetos que interessam ao empresário.

Torres vem sendo pressionado pelo partido para deixar a legenda. O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou nesta noite que o partido decidiu abrir um processo de expulsá-lo. Em carta enviada ao parlamentar, o DEM disse ser "inevitável a instauração do pertinente processo ético disciplinar para o fim de promover a aplicação da sanção prevista no Estatuto, qual seja a expulsão do partido".

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira

Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.

O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.

Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que pode resultar na expulsão de Demóstenes. Conforme a nota, "houve desvio reiterado do programa partidário, principalmente no que diz respeito à ética".

Agência Brasil Agência Brasil
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